Exército. “Não vejo razão para o chefe do Estado-Maior ser exonerado”

Exército. “Não vejo razão para o chefe do Estado-Maior ser exonerado”


Capitão de Abril, Vasco Lourenço defende a manutenção de Rovisco Duarte no cargo e insiste na tese de que o roubo foi uma “farsa”


O chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, tem estado sob pressão por causa da polémica sobre o furto de material bélico em Tancos, mas, para o presidente da Associação 25 de abril, Vasco Lourenço, não existem razões para a demissão.

As discrepâncias apontadas pelo Ministério Público entre o material bélico roubado e recuperado foram a gota de água para que se voltasse a pedir, um ano depois, a sua demissão. O CDS considerou mesmo que Rovisco Duarte “não tinha condições para continuar”. O PCP preferiu apontar a porta de saída a partir de abril de 2019, não sendo reconduzido no cargo. E até o eurodeputado Paulo Rangel, do PSD, considerou “incompreensível” a manutenção do chefe do Estado-Maior do Exército no cargo. Ainda assim, e perante a pergunta do i sobre se o chefe do Estado-Maior sente que tem condições para desempenhar o seu papel, a resposta oficial do ramo foi a de que “relativamente às questões sustentadas em opiniões de comentadores televisivos, artigos de opinião e questões políticas, o Exército não comenta”. 

A peça-chave nesta polémica pode ser o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que tem optado por exigir o esclarecimento cabal sobre o caso de Tancos. Mas o facto de ter condecorado o vice-chefe do Estado-Maior do Exército, Fernando Serafino, serviu para se sinalizar no meio militar a ideia de que Rovisco Duarte não será reconduzido. Na prática, o chefe do Estado-Maior pode ser reconduzido por mais dois anos. As condecorações definidas pelo comandante supremo das Forças Armadas atribuem-se, por norma, ao chefe do Estado-Maior, primeiro, e só depois ao seu vice.

O caso de Tancos tem mais de um ano e não existem resultados objetivos para saber exatamente o que se passou.

Tese da farsa Vasco Lourenço, capitão de Abril, tem uma teoria que já ensaiou no passado. Tancos “foi uma farsa”. “Quando me falam de Tancos, fico logo de pé atrás. Aquilo foi uma farsa que foi criada, inventaram. Houve uma série de movimentações. Foram movimentações muito esquisitas, muito complicadas. Houve intenções de natureza política, para atacar o governo”, disse o coronel Vasco Lourenço ao i.

Em setembro, no parlamento, a primeira tarefa da Comissão de Defesa será a de verificar e agendar novas audições, como a do ministro da Defesa. Azeredo Lopes esteve no parlamento em julho e reconheceu aos deputados que desconhecia qualquer discrepância entre o material roubado e o apreendido.

Para já, os centristas aguardam ainda que o Ministério Público esclareça se os deputados podem ter acesso à lista de material apreendido e se existe alguma peça processual sobre Tancos que já não esteja em segredo de justiça. Mais, o CDS solicitou ao Ministério Público que esclareça qual foi a entidade – Polícia Judiciária, Ministério Público ou Exército – que classificou a lista apreendida “de confidencial”. Só no final, o CDS avaliará o pedido de inquérito parlamentar.

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