É um duro golpe para a epidemia nerd. “A Teoria do Big Bang” não irá chegar à 13.ª temporada. E não é por os fãs terem finalmente saciado o seu apetite pelo humor inofensivo da série. A esse respeito, não há qualquer sinal de evolução. A razão que leva a tão popular série da CBS a um ponto final em maio de 2019 é o saco do ator Jim Parsons, que parece ter chegado ao seu limite. Aos 45 anos, nem aliciado por uma oferta de 50 milhões de dólares, acrescidos dos lucros da publicidade, aceitou continuar preso por mais uma temporada a Sheldon Cooper, o génio da física que, quando não está a dar provas do seu brilhante raciocínio matemático, se porta como um badameco pré-adolescente. Face a isto, os produtores terão tido o bom senso de reconhecer que, sem o mais icónico protagonista desta sitcom, seria muito difícil fechar em grande. O certo é que, mais de uma década depois da estreia, esta produção foi nomeado para 52 prémios Emmy, conquistando uma dezena, e figura entre as séries mais populares da história da televisão.
Foi o comediante Bill Burr quem, num dos seus números, já há uns anos, se perguntava “quando é que a bolha nerd irá estoirar”. Não se pode dizer que tenha começado com um evento cósmico tipo Big Bang, mas, no entendimento de Burr, os nerds sempre foram uma facção discreta no campo social, e era a vergonha que os impedia de se manifestarem abertamente, celebrando a sua cultura bimbo-erudita. Ora, a vergonha foi substituída pelo orgulho a partir do momento em que entraram em campo as estratégias para pôr fim ao bullying. “Quando te livras do predador natural de uma espécie, esta cresce de forma exponencial”, diz Bill Burr. E para os nerds que possam estar desse lado a espumar de raiva e com vontade de gerar um prostesto de indignação, fica o disclaimer: Isto não é mais do que uma piada. Simplesmente, aqui o humor é de uma estirpe bem diversa daquela que tanto encanta os fãs de “A Teoria do Big Bang”.
Em comunicado conjunto, a CBS, a Warner Bros. Television e a Chuck Lorre Productions dizem estar “eternamente gratos aos fãs”. “Tanto nós, como o elenco, argumentistas e produção estamos extremamente gratos com o sucesso da série e queremos entregar um ano final e conclusão que darão um encerramento criativo ao programa”.
Entretanto, se a estreia da última temporada da série está marcada para daqui um mês (24 de setembro) nos EUA, o certo é que a CBS tem feito render a sua enorme popularidade, e, no ano passado, lançou um spin-off desta sitcom, chamado “Jovem Sheldon”. Já na sua segunda temporada, como o nome indica, esta acompanha Sheldon Cooper em criança, quando vivia com a família no Leste do Texas. Curiosamente, a ideia original da série foi de Parsons, que também a narra e é seu produtor executivo.
Resta agora saber se depois de um total de 279 episódios, e com a promessa de “um desfecho criativo épico”, Parsons será capaz de sobreviver ao papel que o tornou famoso. Como foi difícil a Christopher Reeve sobreviver a Super-Homem, é possível que lhe seja igualmente difícil demarcar-se do Super-Nerd. Entretanto, a CBS prepara as despedidas deste seu líder de audiências, e a responsável do entretenimento da CBS, Kelly Kahl, diz mesmo que esta foi “a comédia definidora da sua geração”.