Ainda se lembra dos chafarizes? Do da Princesa ao do Palácio

Ainda se lembra dos chafarizes? Do da Princesa ao do Palácio


Lisboa é uma cidade recheada de História e histórias para descobrir, contadas não só pelos monumentos, mas também por cada rua, cada placa toponímica, cada estátua e, claro, os tão esquecidos chafarizes. O i quis recordá-los e, às terças e sextas, reúne-os bairro a bairro. Neste capítulo, os escolhidos foram Alcântara e Ajuda (II parte). 


Chafariz da Princesa ou da Praia

Deve o seu nome à princesa D. Maria Francisca Benedita, que teve naquele local uma quinta. Situado bem no centro do Largo da Princesa, em Belém, este chafariz, à semelhança de tantos outros na cidade, apresenta uma inscrição que informa sobre a autoria da sua edificação e o ano: “CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA DE 1851”. Mas as suas origens merecem algumas linhas mais: a autarquia decidiu-se a construí-lo por alturas de um surto epidémico em Pedrouços, para que as gentes daquele local tivessem água potável, ao mesmo tempo que procedeu às limpezas necessárias na zona. Com traço de Malaquias Ferreira Leal, o arquiteto da CML, no projeto colaborou também José Félix da Costa, mestre geral das Águas Livres. É um exemplar relativamente simples: no centro de um tanque circular, surge uma coluna com uma bica em forma de flor em cada uma das quatro faces. Obrigatório apreciar, no cimo, o elemento diferenciador – um vaso decorado com conchas, búzios e corais.

Chafariz do Palácio de Belém

Como se a residência oficial do Presidente da República – em tempos um palácio real, onde morou, por exemplo, a rainha D. Maria II (1819-1853), enquanto o Palácio das Necessidades esteve em obras – não fosse por si só atração suficiente, um dos chafarizes da cidade pode ser encontrado no exterior do seu muro. Inserido no interior de um arco de volta perfeita, é difícil passar despercebido a quem por ali passa, apesar de ser de pequenas dimensões. A taça oval é alimentada por uma bica em forma de leão, na qual importa reparar. E um outro pormenor: o tecto assemelha-se a uma concha.

Chafariz da Travessa Teixeira Júnior

Um pequeno chafariz, localizado no fim da Travessa do Teixeira Júnior. Lembra-o de um outro? É normal, uma vez que a sua estrutura e arquitetura têm clara influência do Chafariz do Largo da Princesa ou da Praia. Foi construído apenas um ano depois, em 1852, e tem quatro faces, mas apenas duas bicas: uma, verte água para um tanque em formato de meia lua, e a outra, na face oposta, alimenta uma taça com pé pouco profunda. Também neste exemplar estão presentes os elementos marinhos, a ornamentar, precisamente, o vaso que o encima.
 

Chafariz do Largo da Paz

Situado no Largo da Paz (freguesia da Ajuda) entre casas e árvores, este chafariz assemelha-se a alguns já revisitados e que apresentam o mesmo tipo de estrutura. Do centro de um pequeno tanque circular, parte uma coluna com a forma de um obelisco, decorada por florão no topo. Remonta a 1859 e foi construído pela Câmara Municipal de Lisboa, conservando ainda várias inscrições que informam quantos aos destinatários de cada bica – quatro, no total.