Gelados. A doce tentação que conquistou os portugueses

Gelados. A doce tentação que conquistou os portugueses


O mercado tem vindo a crescer, principalmente no que respeita às receitas artesanais, e os empresários garantem que ainda não está saturado. A média de consumo em Portugal é de 4,5 litros de gelado


É frutóóóchocolate! Quem não se lembra do tradicional pregão para promover os mais variados gelados da época? A verdade é que este mercado evoluiu nos últimos anos e cada vez mais surgem geladarias a apostar na criatividade, a descobrir novas matérias–primas e, acima de tudo, a investir, e muito, na qualidade. Também os preços acabaram por acompanhar esta tendência, apesar de alguns ainda tentarem respeitar as bolsas de quem não pode despender tanto por uma bola de gelado, por mais que aguce o apetite. 

A ideia de que esta iguaria dos deuses faz mal à saúde está posta de lado. E os estudos que têm surgido dão um empurrão a esta nova visão, havendo mesmo quem prove que os gelados fazem as pessoas felizes. A explicação é simples: poderão contribuir para melhorar a saúde e o bem-estar em geral, pois os nutrientes da fruta melhoram o nosso sistema imunitário, digestivo e cardíaco. Também a ideia de só comer gelados no verão foi aos poucos ultrapassada, apesar de algumas geladarias continuarem a fechar durante alguns meses do inverno. A falta de clientes e, acima de tudo, a necessidade de descansar depois de meses de euforia são algumas das razões apontadas. 

Para falar de gelados em Portugal é obrigatório falar do Santini, nem que seja por estar no ranking dos 12 melhores gelados do mundo, de acordo com Jordi Roca, um dos donos do restaurante El Celler de Can Roca, que já foi considerado pela revista “Restaurant” o melhor do mundo. 

O negócio familiar sonhado pelo italiano que, em 1949, abriu a primeira loja na praia do Tamariz, no Estoril – e, confiando que os netos continuariam a trabalhar os cremes e as frutas, recusou uma oferta americana para vender as fórmulas -, vai já na terceira geração de fabricantes, agora com Eduardo Santini a liderar o “império”.

Mas falar em gelados é também uma questão de tradição para alguns. À margem dos famosos Olá existem espaços que fazem parte da memória coletiva. A Itália – mais conhecida por Conchanata, nome do seu gelado mais emblemático – é uma das mais antigas geladarias da cidade de Lisboa. Inaugurada em 1948, continua a fazer os gelados da mesma forma.

 Com mais ou menos tradição, os dias são de calor e, por isso, convidam a comer um gelado. E há ofertas para todos os gostos e bolsas, é só escolher. 

Em agosto do ano passado, mais de dois terços da população admitia ter consumido gelados. O estudo TGI, da Marktest, quantificava mesmo que, em julho desse ano, 5686 mil pessoas tinham comido gelado no espaço de um ano, o que representava 66,4% dos residentes no Continente com 15 e mais anos. 

A verdade é que os portugueses são, há muitos anos, adeptos de gelados. Prova disso é o facto de também o mercado dos gelados artesanais ter registado uma grande expansão. Na base deste crescimento está principalmente a procura de produtos mais saudáveis e de melhor qualidade. 

Recorde-se que a média de consumo de gelados na Europa é de 7 litros por pessoa. Em Portugal, a média é de 4,5 litros. 

Sugestões

Nannarella – Chiado

Aqui vende-se um dos melhores gelados da capital portuguesa. Os gelados são artesanais, feitos com produtos frescos e fruta portuguesa de um fornecedor do Mercado da Ribeira. Além dos clássicos de morango ou chocolate, pode contar com vários outros sabores. 

Conchanata – Alvalade

Não há quem conheça a Avenida da Igreja e não conheça este espaço. Este clássico de Alvalade é, aliás, um caso sério. O sucesso é tanto que nunca faltam clientes. Como o ex-líbris da casa é a famosa taça homónima, a designação simplificou-se e, se falar de Gelados Itália, poucos saberão do que se trata. A taça Conchanata, a criação perfeita da casa, é de autoria de Alfo e Lisette Tarlattini. É servida numa taça em forma de concha, com quatro bolas de gelado, três à escolha e uma de nata.

Neveiros – Porto

A Neveiros é uma das lojas clássicas do Porto: está aberta desde os anos 60. Ameixa, ananás e manjericão, champanhe, quivi, limão e hortelã, leite condensado e coco com malagueta: estes são alguns dos sabores que vai encontrar neste espaço. 

Mo Mo – Porto

Este espaço abriu no ano passado e tem quase duas dezenas de sabores que são feitos todos os dias. Quando abriu, chamou a atenção de todos não apenas devido à qualidade dos produtos, mas também por ter a máquina de gelados à vista de todos. Há os clássicos, de chocolate e morango, mas também versões de quivi, tangerina e banana, entre muitos outros.

Xapa 45 – Tavira

Os gelados são feitos à sua frente numa pedra gelada. Além de todos os sabores que possa imaginar, porque são clássicos e qualquer espaço deste género tem de ter, pode encher o copo com todos os chocolates que bem entender. Pode escolher Kit Kat, Kinder, Twix e até Filipinos. A geladaria fica numa das ruas principais da cidade e, apesar de ser nova, não lhe faltam adeptos. 

Santini – Cascais

Ainda que já exista em vários espaços, nada como visitar o centro de Cascais para comer estes gelados. Os gelados Santini chegaram a Portugal há mais de seis décadas e, desde então, fazem as delícias dos portugueses, sobretudo residentes na área de Lisboa. Attilio Santini, o fundador da casa, abriu a sua primeira loja assim que chegou a Portugal, em agosto de 1949. O espaço original acabou por fechar portas em 1961. A Santini mudou-se do Estoril para Cascais, onde em 1971 abriu uma loja na Avenida Valbom que ainda hoje se mantém, servindo e satisfazendo as pessoas que, de certa forma, se tornaram clientes habituais e outras que experimentam pela primeira vez os sabores.