O caso da ponte de Génova que colapsou e levou para a morte pelo menos 39 pessoas, obrigando o governo italiano a pedir explicações aos responsáveis pela manutenção da mesma, falando-se já numa indemnização histórica. Que se saiba, a ponte não ruiu devido a problemas naturais, como terramotos, por exemplo, logo é preciso encontrar os culpados da morte de tantas pessoas. Itália, com todos os seus problemas, é uma das economias mais fortes do planeta e custa a perceber como é possível uma ponte cair por falta de manutenção.
Não há aqui qualquer sentimento vampiresco de querer cabeças a rolar, mas as vidas humanas que se perderam exigem que os culpados sejam levados à Justiça e se evitem no futuro mortes desnecessárias. E este exemplo pode e deve ser copiado por outros países onde as desgraças morrem quase sempre solteiras. Em Portugal, aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios, o ministro responsável pelas Obras Públicas demitiu-se. Jorge Coelho entendeu que não tinha condições para continuar no lugar, só que com esse gesto não fez nada para descobrir o que estava mal. Devia primeiro apurar responsabilidades e depois então demitir-se. No julgamento que se seguiu, os arguidos foram todos ilibados. Nunca se apurou a hipotética culpa dos areeiros ou dos engenheiros.
Em Portugal não existe muito a cultura da responsabilização e, por isso, os sucessivos governos nunca se empenharam verdadeiramente em encontrar os responsáveis pelas diferentes desgraças que ocorreram no país: sejam financeiras, de ambiente ou de outra ordem. Os governos tendem a proteger os organismos que estão debaixo da sua tutela e os partidos só quando estão na oposição é que gritam que o rei vai nu. Os incêndios são só o último episódio de uma história longa e triste. Pessoas que não estão habilitadas a desempenhar determinadas funções e que acabam por prejudicar milhares de vidas. Pode ser que um dia Portugal mude…