A polémica à volta da participação de Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, na próxima Web Summit tem um novo desenvolvimento: o governo português não vai pedir à organização para retirar Le Pen do evento.
Depois das polémicas à volta do convite feito à líder da Frente Nacional – incluindo o Bloco de Esquerda que pediu ao governo português que impedisse a intervenção de uma dirigente da extrema-direita num evento com financiamento público – o Ministério da Economia disse, numa nota enviada à TSF que não vai pedir à organização que retire o convite.
O governo, “estando, pelo seu impacto, empenhado no acolhimento deste evento privado, não tem, como em outros eventos, intervenção na seleção de oradores”, pode ler-se. O executivo acrescenta ainda que a Web Summit trata-se de “um fórum alargado de discussão de tendências de mercado, cujo alinhamento – oradores e programa – é da exclusiva responsabilidade da organização”.
O presidente da empresa que organiza a cimeira, Paddy Cosgrave, mostrou-se disponível para cancelar a participação da política francesa, caso o governo fizesse o pedido. “Se os nossos anfitriões, o governo de Portugal, nos pedirem para cancelar o convite de Marine Le Pen, claro que vamos respeitar esse pedido e fazê-lo imediatamente”, escreveu Cosgrave num texto publicado online.
“A Web Summit é um fórum de debate e discussão de muitos pontos de vista, não uma plataforma político-partidária para um único ponto de vista”, disse ainda o presidente. “A Web Summit é um lugar onde as pessoas devem estar preparadas para verem as suas opiniões a serem profundamente contestadas, e por sua vez para contestarem profundamente as opiniões de outros”, acrescentou.