Urinóis colocados nas ruas de Paris geram indignação dos locais

Urinóis colocados nas ruas de Paris geram indignação dos locais


Moradores prometem avançar com petições para remover os urinóis das ruas. Há quem tema que a iniciativa “incite o exibicionismo”


Um conjunto de urinóis ecológicos colocados nas ruas de Paris está a provocar discórdia na capital francesa.

A colocação dos “Uritrottoir”, como são chamados, teve início no início de 2017 e gerou logo protestos, que prometem agora avançar para petições públicas para a remoção. 

Tratam-se de caixas, com uma abertura discreta e coberta por palha no interior – para reduzir o cheiro – e com flores no topo. Os urinóis estão equipadas com um sistema eletrónico que envia um sinal quando o material atinge o limite de saturação.

O objetivo é reduzir o cheiro intenso a urina que se faz sentir em algumas ruas de Paris, mas a iniciativa não foi bem vista pelos locais, que já escreveram uma carta à Câmara Municipal de Paris.

Um urinol em particular, instalado na Île Saint-Louis, não muito longe da catedral de Notre Dame e com vista para os barcos turísticos que passam no rio Sena, é o que está a causar maior indignação. 

“Não há necessidade de colocar algo tão feio num local tão histórico”, disse uma comerciante, em declarações à Reuters. “É ao lado da mais bela casa da ilha, o Hotel de Lauzun, onde Baudelaire morava”, disse, referindo-se a um poeta francês do século XIX.

Paola Pellizzari teme que o urinol, instalado a 20 metros de distância de uma escola primária, “incite o exibicionismo”.

O proprietário de uma galeria de arte próxima do local onde foi colocado o urinol, descreve o objeto como “horrível”, segundo a Reuters. “Dizem que temos que aceitar isto, mas é absolutamente inaceitável. Está a destruir o legado da ilha. As pessoas não se sabem comportar?”, explicou.

Por outro lado, o líder do executivo local, Ariel Weil, defende que os urinóis são necessários. As autoridades já implementaram quatro nos locais onde a urina nas ruas tem sido um problema e já estão a planear a colocação do quinto. “Se não fizermos nada, os homens vão continuar a urinar nas ruas”, afirmou, acrescentado que “se realmente incomodar as pessoas, encontraremos outro local”.

Há ainda quem encare a instalação dos urinóis como uma iniciativa discriminatória. “Foram instalados numa perspetiva sexista: os homens não se conseguem controlar (do ponto de vista da bexiga) e por isso toda a sociedade tem de se adaptar”, disse Gwendoline Coipeault, do grupo feminista francês Femmes Solidaires. 

Para a feminista, “o espaço público deve ser transformado para causar um desconforto mínimo”. “É um absurdo, ninguém precisa urinar na rua”, referiu.