Verão é, para muitos, sinónimo de festa. Mesmo nos anos de crise, em que as autarquias apertaram mais os cordões à bolsa, havia sempre lugar para as típicas festas locais. Claro que o segredo continuará sempre a ser a verdadeira alma do negócio e se há coisa que não acontece é os artistas andarem por aí a revelar os seus cachês. Mas, no caso das atuações contratadas pelas autarquias, também não é necessário que o façam. Por lei, as entidades públicas são obrigadas a publicar as contratações que fazem num portal público. As atuações musicais não são exceção. O i analisou alguns dos contratos que foram feitos este ano por causa das festas de verão e, até à data, a despesa já supera os 5 milhões.
É fácil chegar a estes valores. Até porque as contas são simples de fazer: aplica-se a lei da oferta e da procura. As autarquias procuram servir aos munícipes o que estes querem ver e ouvir.
Claro que, por mais horas que se passem a consultar o portal e o valor dos contratos, é sempre difícil estabelecer paralelos. Um só artista desmultiplica-se em atuações a solo ou com banda, sem ou com som próprio, entre outras variáveis onde também entram questões logísticas que se refletem sempre nos acordos estabelecidos. Certo é que são sempre feitos à medida da aparição, que é consumada em valores muito distintos.
Além disso, aos gastos das autarquias com os concertos de verão somam-se as despesas com palco, equipamentos de som, fogo-de-artifício e até segurança.
No entanto, são os artistas e os seus cachês que levantam mais curiosidade quando fica em aberto a possibilidade de conhecer valores. Quanto custa levar Tony Carreira à festa da terra? E como comparar esse o valor com o clássico Quim Barreiros? É este tipo de respostas que encontra no portal de contratação pública Base.gov, que revela alguns dos investimentos dos municípios.
Mas, antes das respostas, é preciso ter em conta que nem todas as autarquias têm já os contratos publicados, pelo que é necessário considerar os dados apenas como uma amostra do que se passa no país.
Aos valores dos contratos acresce sempre o IVA. Depois, é preciso perceber ainda que os valores não correspondem necessariamente ao pagamento integral aos artistas, já que a maioria dos concertos são contratados através de empresas de produção de eventos que, não raras vezes, asseguram ainda apetrechos técnicos.
Por exemplo, no caso de Quim Barreiros pode dizer-se que não sai tão caro como muitos poderiam pensar. Levar este artista a Valongo foi fechado este ano por 8 mil euros. Para estar na Sertã, a contratação saiu mais cara: 10 mil euros.
No entanto, encontram-se exemplos com mais dígitos. O espetáculo musical dos Xutos & Pontapés no âmbito do Festival do Marisco 2018, em Olhão, atinge os 36 mil euros. É ainda preciso ter em conta que existem casos em que não existe apenas um artista a pesar no orçamento. Peguemos num exemplo: a Expo Bairrada. Foram anunciados no cartaz nomes como Tony Carreira, Raquel Tavares, Pedro Abrunhosa, Matias Damásio e José Cid. Neste caso, é preciso somar os 39 mil euros de Tony Carreira aos 28 mil de Pedro Abrunhosa. O contrato de Raquel Tavares ficou por 10 mil, enquanto Matias Damásio custa 19 990, o mesmo valor de José Cid. Para equipamento e logística de apoio, a autarquia fez um contrato de 74 800 euros. A prestação de serviços de limpeza ficou por 2800 euros e o serviço de vigilância por 7350 euros. A bilheteira, tendas e aluguer de stands custaram 37 880 euros.
Tony Carreira
Tony Carreira fechou contrato para estar presente na Expo Bairrada, em Oliveira do Bairro, por 39 mil euros.
A título comparativo, a Câmara de Ponte de Lima gastou exatamente o mesmo valor com o espetáculo do artista. Para se ter uma ideia dos valores que podem ser praticados para ter determinados artistas a atuar pode ainda dizer-se que o agenciamento de Tony Carreira e dos Xutos & Pontapés para a 28.ª Expofacic custou 77 600 euros.
Carolina Deslandes
As músicas de Carolina Deslandes podem não agradar a todos, mas o facto de passarem várias vezes na rádio faz com que não falte quem as conheça. Para atuar no Cacém esta terça-feira foi fechado um contrato de 15 mil euros.
David Carreira
Dizem que filho de peixe sabe nadar. Aplica-se no caso de David Carreira. A contratação do filho de Tony Carreira para o espetáculo no Loulé Summer custou 32 185 euros.
Resistência
Os Resistência também aparecem em destaque este ano. Uma atuação chega a custar 30 600 euros, como aconteceu para estarem em Loures.
Azeitonas
Os Azeitonas também foram escolhidos para fazer parte de vários cartazes de verão este ano. Existem vários valores, mas basta darmos alguns exemplos. Para estarem na Feira Franca Porca de Murça deste ano foi feito um contrato de 12 200 euros. Para estarem em Ovar, o contrato foi fechado por 16 mil euros.
Jorge Palma
Jorge Palma é sempre um sucesso em qualquer cartaz de verão. Para estar no Grande Arraial de Benfica este ano foi feito um contrato de 13 mil euros.
David Fonseca
Um concerto de David Fonseca pode chegar a custar 7250 euros.
Xutos e Pontapés
Será difícil encontrar um português que nunca viu os Xutos, mas eles aí continuam, de pedra e cal, e são das bandas mais bem pagas. Nos municípios que os contrataram este verão, a despesa rondou 30 a 37 mil euros. Para estarem em Olhão foi celebrado um contrato no valor de 36 mil euros.
Ana Moura
Os espetáculos da fadista Ana Moura variaram este verão entre 20 mil e 28 mil euros.
Raquel Tavares
Os espetáculos de Raquel Tavares custam às autarquias entre 9 mil e 10 mil euros.
Emanuel
A contratação de concertos de Emanuel variou este verão entre os 10 mil e os 16 mil euros.
Matias Damásio
O espetáculo de Matias Damásio custa entre 16 mil e 20 mil euros. O cantor foi convidado para atuar em várias festas de verão este ano. Entre elas está uma em Castro Marim e outra em Oliveira do Bairro.
Diogo Piçarra
Diogo Piçarra também foi escolhido para subir a vários palcos. Os valores variam muito, mas podem chegar aos 26 900 euros. Foram vários os contratos fechados este ano com o artista.
D.A.M.A.
Estão na lista dos artistas com mais contratos feitos este verão. Os valores podem chegar aos 23 900 euros, como aconteceu para as Festas de Oeiras.
C4Pedro
O cantor angolano é uma das figuras assíduas das festas de verão por esse Portugal fora e dos que mais atraem a juventude. A despesa das autarquias com os concertos de C4 Pedro pode chegar aos 28 mil euros.
Quim Barreiros
É um ícone das festas populares e continua a ser dos artistas mais procurados, pelo menos a julgar pelos contratos publicados. É também dos que saem mais em conta: as despesas das autarquias com Quim Barreiros e a sua banda variam entre 8 mil e 10 mil euros.
Richie Campbell
As atuações de Ricardo Ventura da Costa, mais conhecido por Richie Campbell, rondam os 20 mil euros.
José Cid
É um clássico: “como o macaco gosta de banana”, toda a gente gosta de José Cid. Para dar um espetáculo em Melgaço foi fechado um contrato de 18 mil euros. Já atuar na Expo Bairrada ficou por 19 999 euros.
Agir
Ter o Agir num espetáculo pode custar entre 19 000 e 39 mil euros. Este ano, o artista foi escolhido para animar as festas de Trancoso, por exemplo.
Miguel Araújo
Miguel Araújo também está convidado para várias festas. Contratá-lo pode ir de 11 mil a 14 mil euros.
Carminho
Também Carminho tem estado com a agenda cheia este ano. Para estar em Loures foi fechado um contrato de 16 500 euros.
Aurea
Os concertos de Aurea variam. Para estar em Loulé, a contratação dos concertos custou 19 mil euros.
Gisela João
Gisela João também tem marcado presença em várias festas de verão. O preço do espetáculo varia muito. Em Matosinhos foi fechado um contrato de 11 150 euros. No entanto, se quiser ir mais longe e pensar somar um outro artista como, por exemplo, Ana Moura, fica a saber que seria espetáculo para custar cerca de 23 mil euros.