Depois do incêndio que assolou Monchique durante oito dias, António Costa deixou um alerta sobre as situações de fogo, este sábado, na entrevista ao Expresso: “Dizer que as pessoas podem estar descansadas é uma irresponsabilidade, dizer que têm de estar inquietas é uma desnecessidade”.
Para o primeiro-ministro, e tendo como base “as alterações climáticas, o risco de incêndio é hoje maior do que há décadas atrás” e, por isso, “é preciso que as pessoas estejam conscientes [do estado] da floresta”.
António Costa falou ainda da chuva de críticas que foi alvo por ter dito que o incêndio de Monchique, que causou 41 feridos e destruiu mais de 20 mil hectares, era “a exceção que confirmou a regra de sucesso”. “Não queria que as minhas palavras fossem mal interpretadas”, afirmou.
Ministro da Saúde não se vai demitir
António Costa colocou completamente de lado a hipótese de demissão do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. Para quem pensa que o ministro se vai demitir, “pode tirar o cavalinho da chuva” disse o primeiro-ministro.
A falta de recursos na saúde que tem motivado várias demissões dos altos cargos dos hospitais é, para Costa, uma dúvida. O primeiro-ministro afirmou que tem dúvidas de que os problemas na Saúde que são reportados pela comunicação social existam. E recorda o caso do ministro Correia de Campos: “Foi preciso o ministro Correia de Campos se demitir para acabar aquela curiosa epidemia dos partos nas auto-estradas que nunca mais ocorreram desde que o ministro de demitiu”.
“Já todos nós temos idade suficiente e experiência acumulada para sabermos que o setor da Saúde é um setor no qual com muita facilidade se generaliza e se torna como paradigma situações pontuais”, afirmou ainda o primeiro-ministro que acredita que a demissão de Adalberto Fernandes não faz com que “os problemas se resolvam como por artes mágicas”.
Costa foi também questionado sobre a polémica à volta da recondução da Procuradora-Geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, que no início deste ano colocou a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, de um lado ao dizer que na sua “perspetiva de análise jurídica” o mandato é “único”, e Costa de outro ao dizer que as declarações de Van Dunem eram a opinião pessoal da ministra. “Se o Presidente da República desejar falar antes sobre esse assunto falaremos antes, mas é um assunto que é tratado com o PR e no momento em que o governo e o PR entendem que deve ser tratado”, respondeu o primeiro-ministro, mantendo a postura de que é “prematuro” falar sobre o assunto, como tinha dito na altura.
Geringonça e caso Robles
Quando questionado sobre o polémico caso que envolveu o vereador do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, Costas admitiu ter ficado “surpreendido”. “Nunca imaginei que quem emprega com tal virulência a moral política cometesse pecadilhos”, afirmou sobre o caso do prédio de Alfama.
E para as próximas eleições, António Costa aproveitou para pedir um “PS forte”. Quando questionado se a solução governativa é para continuar, Costa respondeu que “esta solução só é possível com um PS forte e quanto mais forte for o PS melhor funcionará esta solução”. No entanto, e apesar de reforçar que um “bloco central não”, Costa não coloca de completamente de parte possíveis acordos com o PSD que, segundo o primeiro-ministro “não tem lepra”.