Projeto Tóquio arranca com uma certeza: venha tudo… menos o 4.º lugar

Projeto Tóquio arranca com uma certeza: venha tudo… menos o 4.º lugar


João Pereira, João Silva, Vanessa Fernandes e a jovem promessa Melanie Santos são as grandes esperanças nacionais para os JO de 2020, no Japão


Arrancou ontem oficialmente o Projeto Tóquio 2020 para o triatlo nacional, quando faltam dois anos para os Jogos Olímpicos no Japão. A Federação Portuguesa da modalidade aposta forte na presença na competição, tendo como objetivos a qualificação de três atletas masculinos e duas femininas, algo inédito na história da prova.

As grandes esperanças residem em João Pereira, João Silva e Miguel Arraiolos, do lado masculino, bem como a consagrada – e regressada – Vanessa Fernandes e a grande promessa Melanie Santos na vertente feminina. Em 2016, no Rio de Janeiro, João Pereira conseguiu a melhor prestação portuguesa masculina de sempre: quinto lugar. Desde então, o atleta do Benfica mudou de treinador – deixou de ser orientado por Lino Barruncho, com quem trabalhava há sete anos, para ter uma equipa técnica constituída por Paulo Antunes e Pedro Leitão – e agora aponta ainda mais alto, apesar da pubalgia que o tem atormentado nos últimos quatro meses.

“Depois do Rio senti que se quisesse fazer um resultado melhor tinha de mudar o tipo de treino, senti que estava um pouco a estagnar. Queria experimentar outras coisas. Mas continuamos a ter uma relação pessoal bastante boa, separámo-nos antes que nos pudéssemos vir a chatear”, explicou ao i o triatleta de 31 anos, que se prepara para participar no Europeu de Glasgow. “Vou fazer só a prova de estafetas e tentar melhorar o resultado [nono lugar no Mundial de Edmonton, Canadá, numa equipa composta com João Silva, Melanie Santos e Helena Carvalho]. Gostei bastante da experiência e acho que tínhamos potencial para mais. Quero um pouco vingar a prova”, ressalvou. Sobre Tóquio 2020, apenas uma certeza: “Quarto lugar é que não (risos)! Prefiro quinto do que quarto!”

João Silva, por seu lado, vive como que uma segunda vida na modalidade. O triatleta do Benfica teve de conviver com um problema cardíaco no ano passado que o impediu de competir totalmente durante quatro meses. “Ia dando em maluco”, assume, agora já entre gargalhadas: “Foi um susto grande. Até comecei a estudar outra vez [Medicina], fiz uns mesitos mas depois a paixão falou mais alto. Quando voltei foi duro, encontrei a malta cheia de genica (risos), mas depois lá me habituei novamente à competição.” Os resultados desde então “têm sido aceitáveis” e o objetivo agora é “apostar no Campeonato do Mundo”… e noutro desafio, quiçá ainda mais exigente: “Vou ser pai agora em outubro. Já estou a preparar um quarto à parte (risos). É diferente, estou habituado a ser eu o bebé (risos)!”

Já Melanie Santos irá a Glasgow fazer a estafeta – que será incluída pela primeira vez nos Jogos em Tóquio – mas também a prova individual, fazendo depois uma preparação de três a quatro semanas em altitude para os Mundiais. A triatleta de 23 anos ficou às portas do apuramento em 2016, quando ainda nem encarava a modalidade com total profissionalismo, e agora só pensa em marcar presença nos Jogos, em princípio ao lado de uma “referência”: Vanessa Fernandes, 33 anos, de regresso após um longo interregno e a ostentar ainda o maior feito da história do triatlo nacional (medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008).