O problema – por Carlos Abreu Amorim


Segundo o deputado Carlos Alberto Amorim, do PSD, o problema dos incêndios é do governo e da falta de prevenção! Eu não tenho Facebook nem contacto com o deputado, mas se alguém que leia esta crónica o conhecer, passe-lhe esta informação! Estamos a 26 de julho e os termómetros oscilam entre os 25 graus e…


Segundo o deputado Carlos Alberto Amorim, do PSD, o problema dos incêndios é do governo e da falta de prevenção! Eu não tenho Facebook nem contacto com o deputado, mas se alguém que leia esta crónica o conhecer, passe-lhe esta informação!

Estamos a 26 de julho e os termómetros oscilam entre os 25 graus e os 17 de máximas e mínimas. Precisamente na mesma altura em que normalmente, há uns anos atrás, as pessoas, em catadupa, se amontoavam à beira-mar para se refrescarem e fugirem do tórrido calor que se fazia sentir.

No ano passado, em outubro e novembro viveu-se o verão que não tivemos em julho e agosto, e cheira-me que este ano vamos passar pelo mesmo.

Já noutras latitudes, o calor aperta. Na Sibéria registaram--se 40 graus, na Lapónia 33 e, em Helsínquia, os termómetros bateram nos 30. 

Na Grécia, embora não seja novidade o calor escaldante que normalmente se sente nesta época na região, assiste-se a um flagelo maior do que se registou o ano passado em Portugal. A norte, na Suécia, o país está a ser o mais afetado, com mais de 50 incêndios ativos. Só em Uppsala, 70 quilómetros a norte de Estocolmo, as temperaturas bateram recordes, superiores a 33 graus.

Mas há mais. Ainda esta semana, na sequência de uma tempestade, deram à costa da República Dominicana toneladas de lixo, maioritariamente plástico. Em apenas três dias foram recolhidas mais de 30 toneladas.

No Pacífico, como é sabido, formou-se uma ilha de detritos de plástico com uma área 17 vezes superior à de Portugal.

Assim como os furacões e ciclones que devastaram vastos territórios, como o Katrina nos EUA em 2005, ou o Nargis em Mianmar, em 2008. Ou as chuvas torrenciais na Madeira em 2010, ou na Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011. A tempestade Sandy nos EUA em 2012, ou o tufão Haiyen nas Filipinas em 2013. 

Não incluo aqui os terramotos que nos últimos anos têm sido mais frequentes e mais violentos. Claramente, perante estes factos, a conclusão natural é que não há prevenção adequada, e este é o verdadeiro problema.

Continuamos a tapar o sol com a peneira e a ignorar a realidade dos factos. Continuamos a desconsiderar os sinais de que o planeta está doente. Os remédios que aplicamos são como dar uma aspirina a um doente com malária. 

Podemos limpar todas as matas, reforçar os corpos de bombeiros, adquirir mais equipamento, criar legislação mais apertada, impor medidas de reciclagem ou premiar boas práticas. Mas o problema não se vai solucionar. Enquanto os governos e as grandes indústrias poluidoras não puserem um travão na poluição desenfreada, o clima não vai estabilizar, os fenómenos e catástrofes naturais não vão abrandar e vidas humanas vão continuar a perder-se no meio de tudo isto.

Continuamos a olhar para a árvore e não para a floresta, ou pior, até vemos a floresta, mas tendemos a focar-nos na árvore.

As vítimas de Pedrógão ou de Mati não são vítimas da prevenção nem são consequência da ação governativa. Não são o resultado de más políticas, como o bizarro deputado do PSD Carlos Abreu Amorim insinuou! O problema serão porventura pessoas como estas, que elegemos para tomarem decisões que têm impacto nas nossas vidas e que apenas olham para o seu umbigo.

 

Escreve à quinta-feira