A Sibéria, conhecida mundialmente pelas baixas temperaturas, tem sido notícia nos últimos dias por um fenómeno raro: os termómetros da região russa têm ultrapassado os 30.ºC – os incêndios que deflagraram no último mês, na Rússia e nos países do hemisfério norte são consequências desta vaga de calor. Segundo o Centro Hidrometeorológido da Rússia, o mês de junho, na Sibéria, foi o mais quente dos últimos 100 anos.
O meteorologista norte-americano Nicholas Humphrey, afirmou ao “El País” que o calor está a fazer com que derreta “o gelo marinho no mar Laptev – norte da Rússia – e do permafrost – as camadas de solo ou do fundo do mar permanentemente congeladas – da superfície terrestre e submarina”.
O Japão, a Suécia e o Reino Unido, são outras regiões onde é anormal verificarem-se altas temperaturas. No entanto, estão também a ser afetadas por ondas de calor nos últimos tempos. No Japão, um duplo anticiclone – no Tibete e no Oceano Pacífico – é a causa do calor extremo que já provou a morte a pelo menos 44 pessoas. No último domingo, às 7h30, na cidade de Tóquio registava-se 32.ºC e todo o país ficou em estado de alerta para as altas temperaturas, que se mantêm até à próxima quinta-feira – avançam os jornais internacionais.
Na Suécia, o calor tem dificultado o trabalho dos bombeiros no combate às chamas dos incêndios que deflagraram de norte a sul do país, também devido às elevadas temperaturas. O país esteve em estado crítico e foram várias as forças internacionais que disponibilizaram ajuda: para além de Portugal, Itália, Alemanha, Polónia, Dinamarca, Lituânia e França enviaram meios humanos, aéreos e terrestres. A Suécia diz ter já a situação controlada, mas ainda continua em estado de alerta.
De acordo com o Finnish Meteorological Institute, no mês de julho na Finlândia as temperaturas rondaram, em média, os 18.ºC. Mas no último fim de semana os termómetros marcaram para os 30.ºC em algumas cidades finlandesas, devido às grandes massas de ar quente que são arrastadas desde o país vizinho.
A onda de calor no Reino Unido também é pouco comum. As previsões apontam para uma subida de temperatura até aos 35.ºC durante esta semana, obrigando as autoridades a emitir um aviso à população. Cuidados como optar por andar pela sombra, evitar a exposição solar, deixar as casas frescas e hidratar a pele são os pontos primordiais do aviso. Se a situação se mantiver nos próximo dias, os termómetros no Reino Unido vão atingir valores recordes dos últimos 42 anos.
Para além do calor, são também esperadas chuvas fortes, devido às altas temperaturas, no sudeste da Grã-Bretanha, tendo as autoridades alertado para inundações e complicações no trânsito.
Desde 2003 que a Europa não tinha registado temperaturas tão altas. E junho foi o terceiro mês mais quente nos EUA desde 1895, o quarto com temperaturas mais elevadas em África desde 1910, e o sétimo mais quente da Ásia desde que há registo.
PORTUGAL Quando se fala de calor em Portugal, é automático pensar nos meses de junho, julho e agosto. Ainda não terminou, mas já ficou claro que será um verão tímido, onde não há muitos dias seguidos sem a presença do frio, da chuva ou de nuvens. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) afirmou ao i que é precipitado considerar um verão atípico, até porque, segundo a mesma fonte, já houve verões menos quentes e tudo depende da posição do anticiclone dos Açores. Este ano, a posição do centro de altas pressões atmosféricas é favorável a Portugal, deixando as temperaturas mais baixas.
O ano de 1931 fica marcado por ser o mais quente da história de Portugal. No entanto, segundo os recentes boletins climatológicos do IPMA, o ano mais quente que já se registou desde essa data foi em 1997. O segundo ano mais quente desde 1931 aconteceu no ano passado, onde houve inúmeras ocorrências de incêndios em todo o país. Em terceiro lugar, o ano mais quente desde 1931 foi o de 2005.
*Editado por Carlos Diogo Santos