Deputado do PSD diz que processo de descentralização foi “oportunidade perdida”

Deputado do PSD diz que processo de descentralização foi “oportunidade perdida”


António Leitão Amaro cumpriu disciplina de voto mas criticou soluções do governo


Um dos vice-presidentes da bancada do PSD António Leitão Amaro, que apoiou Rui Rio nas diretas do partido, entregou uma declaração de voto sobre a nova  lei de finanças locais, criticando-a por criar  vazios. “Infelizmente, parece-me que por falta de visão, vontade e capacidade do atual Governo, esta é afinal uma oportunidade perdida”, escreveu o parlamentar.

O parlamentar elogia o esforço do PSD – “a sua boa-fé e espírito construtivo–, mas alerta que o capítulo parlamentar deste processo “sem a prévia fixação de todos os envelopes de recursos, crie riscos desnecessários”.

Em causa estão vários fatores:  por exemplo, não estão definidos alguns envelopes financeiros e aliviou-se a pressão sobre o endividamente das autarquias.

 Apesar de ter cumprido a disciplina de voto do partido, favorável ao acordo com o PS, Leitão Amaro considera que  a lei  contém algumas escolhas que lhe merecem reservas: o “agravamento dos desiquilíbrios territoriais”,  a eliminação de limites ao endividamento municipal “em casos importantes” e a eliminação das normas sobre o Fundo de Apoio Municipal”. O resultado final da lei abriu brechas no PSD, mas também no PS, com o deputado Paulo Trigo Pereira a votar contra a disciplina de voto dos socialistas.

Leitão Amaro foi mais comedido e preferiu usar duas páginas de uma declaração de voto para demonstrar o seu desalento. Para o efeito, considera que as falhas na lei resultam talvez da “falta de estudo justificativo, cuidada ponderação e debate dos aspetos técnicos da proposta de lei”.

 Para o deputado a revisão da Lei das Finanças Locais “ cria um vazio incerto, prevê a criação de um “Fundo para a Descentralização” que não tem fundos. Remete genericamente para uma definição em futuro decreto-lei [não votado na Assembleia da República]”. Leitão Amaro sustenta que “só muito recentemente o Governo apresentou sugestões iniciais de recursos para algumas – mas não todas – as áreas a descentralizar”.