Santana Lopes regressou à sua velha ideia de formar um novo partido. É óbvio que o avanço pode ter recuo – Santana, provavelmente, como a maioria das pessoas e os “meninos guerreiros” em particular, precisa de mimo. Talvez seja nesse contexto que se deve interpretar o novo movimento do ex-líder do PSD: afinal, a ideia de fazer um novo partido concorrente do PSD já tinha surgido na cabeça de Santana Lopes antes de ascender à liderança do PSD – o que aconteceu quando Durão Barroso abandonou inopinadamente o governo e a presidência do partido para se tornar presidente da Comissão Europeia, num período que veio a revelar-se absolutamente trágico para as ambições políticas do jovem delfim de Sá Carneiro.
O problema de Santana é que não se constrói um movimento político a partir do zero, principalmente em Portugal, país conservador e avesso a novidades que, com a exceção do Bloco de Esquerda, mantém as organizações que existiam – ou passaram a existir – com a Revolução. Além de que, como se pode ler nas páginas à frente, Santana não tem tropas. Os seus fidelíssimos de sempre no interior do PSD estão contra a decisão e recusam-se, eles próprios, a alinhar com Santana. Nunca haverá cisão no PSD.
As cisões que existiram no espetro partidário português duraram muito pouco. O único partido que se aproximou do poder foi o PRD – podia ter feito um governo com o PS em 1987, se Mário Soares não tivesse optado por dissolver o parlamento depois de o governo minoritário de Cavaco cair através de uma moção de censura. Mas o PRD tinha na liderança – primeiro na sombra – nada mais nada menos do que o Presidente da República Ramalho Eanes. Não só Eanes era uma figura de referência nacional como conseguiu captar dirigentes destacados do PS descontentes com Soares.
A viabilidade de o partido de Santana ser bem-sucedido é reduzidíssima. Isto é, se chegar mesmo a existir e se Santana sair mesmo do PSD.