Parlamento. Deputados chumbam fim das touradas. A polémica e a festa brava continuam

Parlamento. Deputados chumbam fim das touradas. A polémica e a festa brava continuam


Parlamento vai discutir projeto de lei do PAN para abolir as touradas. Direita, PS e comunistas vão defender continuidade desta atividade


O parlamento vai discutir hoje o projeto de lei do PAN para acabar com as touradas em Portugal. O tema é cada vez mais polémico, mas o diploma está condenado ao fracasso. Bloco de Esquerda e PEV devem alinhar com o PAN, mas os socialistas, o PCP e os partidos de direita vão votar contra. 

O PAN argumenta que “não há como contornar o facto da existência de espetáculos tauromáquicos colocar em causa a vida e a integridade física e emocional dos animais envolvidos, não apenas de touros mas também de cavalos, e atentar gravemente contra a sua liberdade”.

André Silva, único deputado do PAN e autor do diploma, garante ainda que “massacres públicos de touros para fins de entretenimento já foram prática em toda a Europa e foram sendo banidos paulatinamente em praticamente todos os países deste continente”. 

Para o PAN, que apresenta muitos argumentos contra as touradas nas 23 páginas do projeto de lei que hoje vai ser debatido, na Assembleia da República, “o direito de recreação, ainda que mascarado de herança cultural de um povo, não deveria poder prevalecer sobre o respeito pela liberdade, pela vida e pela integridade física e psicológica de animais, por um lado, nem sobre o ideal de sociedade que rejeita a violência, por outro”.

Os muitos argumentos do PAN não deverão convencer os partidos. Todos os deputados do PSD e CDS deverão votar contra. À esquerda, a maioria dos deputados socialistas e o PCP também votarão contra a abolição das corridas de toiros. O PS vai assumir uma posição oficial a favor da continuidade desta atividade, mas alguns deputados já assumiram publicamente que são contra as touradas. Pedro Delgado Alves, Isabel Moreira ou Tiago Barbosa Ribeiro, entre outros, já votaram iniciativas para aumentar as restrições às corridas.  

Bloco de Esquerda e PEV preferiram seguir outra estratégia e apresentar diplomas menos radicais. Na agenda do parlamento chegou a estar anunciada a discussão em conjunto de todas as propostas, mas o PAN rejeitou e os restantes projetos só serão debatidos na próxima sessão legislativa. 

O Bloco de Esquerda e o PEV pretendem acabar com “o apoio institucional à realização de espetáculos que inflijam sofrimento físico ou psíquico ou provoquem a morte de animais”. Os bloquistas querem ainda criar novas regras para as transmissões das corridas de toiros na televisão (ver texto ao lado). O principal argumento utilizado é que “a transmissão televisiva de touradas parece causar, de forma sustentada no conhecimento que está disponível até hoje, um impacto emocional negativo nas crianças, porque produz graves consequências na agressividade e ansiedade das crianças.  Esta situação leva a que aumentem as justificações dadas às cenas agressivas, aumentando a tolerância das crianças a estes comportamentos violentos”. 

A assistir ao debate de hoje, no parlamento, vão estar os movimentos antitaurinos e também cavaleiros e outros profissionais da tauromaquia.