É um sentimento comum: o homem consegue colocar máquinas em Marte, mas precisa de tempo que não existe para salvar 13 pessoas numa gruta na Tailândia. É certo que o caso é de uma complexidade atroz, já que as condições no lugar não permitem que as crianças e o seu treinador saiam agarrados aos mergulhadores especializados em catástrofes como esta.
É difícil dizer o que mais me surpreendeu: se terem conseguido sobreviver nove dias sem comerem; se terem mantido a calma, já que não existe luz no interior da gruta. Certo é que o treinador de 25 anos, um homem com uma história impressionante – perdeu os pais quando tinha dez anos –, já é um justo herói nacional. É difícil imaginar a alegria daquelas 13 criaturas quando ouviram a voz dos mergulhadores que conseguiram descobri-los, mas a primeira pergunta, ao que consta, foi se podiam sair dali naquele momento. O desespero deu lugar à alegria por pouco tempo.
Como se consegue convencer 12 crianças, entre os 11 e os 16 anos, e o seu treinador de 25 que, apesar de terem sido descobertos, se calhar vão ter de passar mais uma longa temporada na gruta até poderem sair? Estando a 800 metros de profundidade e a vários quilómetros da entrada da gruta, as prováveis chuvas dos próximos dias dificultarão ainda mais o trabalho de resgate dos 13 jovens.
O drama ganhou uma dimensão mundial apesar de estarem envolvidos 13 pessoas, isto quando na mesma Tailândia ficámos a saber que há 53 desaparecidos, na sua maioria chineses, de um barco que naufragou. O facto de estarem encurralados numa gruta, de serem menores e de terem sobrevivido tanto tempo sem se alimentarem dá ao caso uma carga dramática em relação a outras situações mais graves, como a do naufrágio. E aqui volto ao princípio: o trabalho psicológico do treinador é de enaltecer e deveria ser aproveitado e difundido para que crianças que julgam ter graves problemas pudessem aprender alguma coisa da vida.