As medidas de alteração laboral que o governo quer implementar com o acordo de concertação social não serão votadas amanhã, dia 6 de julho, porque não terminou o período oficial de consulta pública de 30 dias. Só a partir de 12 de julho será possível uma votação. Os socialistas ganham, assim, tempo para tentar convencer os parceiros da esquerda, do PCP e do Bloco de Esquerda, a aceitarem baixar as propostas à comissão de Trabalho e Segurança Social.
Isto significa que a discussão, que representa mais um teste ao acordo da esquerda, deve ser adiada para setembro, altura em que as negociações para o Orçamento do Estado já estarão mais avançadas. Segundo apurou o i junto de várias fontes parlamentares, o PCP e o BE ainda não decidiram se querem levar as suas propostas a votos antes das férias parlamentares. E só devem tomar uma decisão no próprio dia do debate, amanhã, ganhando espaço negocial com o PS. Seja como for, a maioria dos projetos só pode ir a votos no dia 13, findo o prazo de consulta pública.
Na bancada socialista, o processo está a ser conduzido pelo líder parlamentar, Carlos César. E só há um dado certo. O PS deve entregar propostas de alteração sobre o período experimental nos casos de primeiro emprego ou desemprego de longa duração. Porém, não o farão agora.
Do lado do Bloco, por exemplo, a coordenadora do partido, Catarina Martins, pediu cabeça fria aos deputados socialistas, lançando-lhes um repto: “O desafio que eu julgo que está agora posto em cima da mesa é um desafio para os deputados do Partido Socialista: “mantenham a cabeça fria contra a chantagem” e o compromisso “com o caminho feito até agora”.
A narrativa é a de colocar pressão também do lado dos Socialistas, enquanto o PS procura cumprir as palavras do líder bancada de uma “concertação parlamentar” para acautelar a aprovação das medidas propostas pelo executivo. Segundo apurou o i, os socialistas esperam que o discurso de António Costa, a defender os acordos à esquerda, tenha desanuviado a tensão com os parceiros que suportam o governo.