Rock in Rio. Saiba como funciona a segurança nos quatro dias de festival

Rock in Rio. Saiba como funciona a segurança nos quatro dias de festival


No Rock in Rio, que terminou este fim de semana, as medidas de segurança são calculadas ao pormenor. O i esteve na Cidade do Rock a acompanhar a PSP, que coordena todas as operações de segurança


Ana Neri, comandante da divisão da PSP da zona do festival, é responsável por manter o recinto e os visitantes do Rock in Rio em segurança. O plano é elaborado e estudado ao pormenor durante vários meses. Este ano, Ana revelou que o plano começou a ser feito sete meses antes do festival e que durante os quatro dias de evento é seguido à risca no posto de comando tático, uma pequena sala montada no recinto que dá abrigo a todas as entidades responsáveis pela segurança do evento: várias valências da polícia, INEM, Hospital dos Lusíadas e a equipa de segurança privada.
Quando a comandante abre a porta do posto, nem uma cabeça se virou para trás, para ver quem tinha decidido entrar. A sala, que está praticamente lotada, continua atenta aos monitores e ecrãs que acompanham todos os movimentos ao longo do recinto, sempre a vigiar quem entra e quem sai. Mas é um dia especial para os “guardiões” do festival: sexta-feira, dia 29 de junho, o penúltimo de festival, contou com a presença de algumas figuras de Estado que estiveram ao lado dos Xutos & Pontapés, a prestar uma homenagem ao guitarrista falecido da banda, Zé Pedro.

Ana Neri explicou ao i que algumas das medidas tomadas nesse dia “são normais”, tendo em conta a presença desses órgãos de soberania no recinto. Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia da República foram algumas das figuras que subiram ao palco. “As medidas que temos em relação a eles são umas medidas cuidadas para quando forem chamados ao palco, naturalmente, terem a devida segurança para ir cantar (…) e depois têm outra área para onde se vão deslocar. Temos a nossa unidade especial de polícia com o corpo de segurança pessoal deles”, adiantou.

Nos restantes dias deste tipo de eventos, as medidas tomadas dependem das indicações deixadas pela organização. “Em festivais ou em eventos que tenham indicações ou apontamentos para termos alguma preocupação relativamente à segurança, nomeadamente uma ameaça que seja significativa, nós, por norma, aplicamos um conjunto de medidas” que vão desde o “reforço da visibilidade de policiamento, montagem de vários perímetros, colocação de um esforço de contenção por causa dos ataques com veículos, revistas” e outras que, de acordo com os riscos, considerem serem as mais importantes para prevenir possíveis ameaças.

Postos de vigia Neste caso, as autoridades atuam mais fora do recinto do que dentro dele. Além da sala de comandos, que fica à entrada do portão 4 do Parque da Bela Vista, têm também uma sala de perdidos e achados. Ao sairmos do posto de operações, o céu cinzento e chuvoso parece não afastar as centenas de pessoas que passeiam pelo recinto com capas de chuva impermeáveis vestidas. A responsável desvia-se dos visitantes, indicando o caminho para a sala de perdidos e achados. É um pequeno contentor, colocado num dos lados menos movimentados do recinto, onde um agente que toma conta das ocorrências tinha acabado naquele momento de receber um drone que fora apreendido e estava a ser reportado. 

“Em termos de entradas, nós temos, para o público em geral, três vias”, continua a comandante, explicando que uma delas é para “as pessoas de mobilidade reduzida e para tudo o que seja corredor VIP”. 

Num dos pontos de revista que fica à entrada do recinto estão cerca de cinco agentes por cada mesa a verificar que objetos trazem os visitantes consigo. O objetivo é claro: estão à procura de objetos que sejam proibidos dentro do recinto. “Aqui são verificados e controlados os itens proibidos. São verificadas e revistadas as pessoas, é feita uma revista de segurança” para “garantir a segurança de todos”, esclarece a comandante, acrescentando que a revista deve ser “rápida e eficaz” para que as “pessoas imediatamente entrem, vão divertir-se e se esqueçam que passaram por nós”.

Quanto à comida, cuja entrada é proibida, a PSP tem uma forma de a reaproveitar. “Fazemos sempre uma parceria com o conhecimento da própria organização” e, por isso, “toda a fruta que não é permitida entrar”, bem como algum tipo de latas de bebidas, é, por norma, dada à empresa parceira para que os bens alimentares sejam reaproveitados, explica.

A autoridade tem ainda à sua disposição um corredor de emergência que “serve para uma eventual intervenção dos bombeiros”. 

Balanço Positivo Quanto aos dias em que decorreu o festival, Ana Neri faz um balanço positivo: “Tem havido algumas ocorrências, mas nada de extraordinário.” 

Para esta grande ação de segurança, a responsável garante que “foi feito um trabalho prévio de gestão de multidão”, adiantando que a dinâmica de entradas e saídas também mudou, com o alargamento dos corredores de mobilidade. “O Rock in Rio desde o início que é um evento que tem uma dimensão muito grande em termos de pessoas”, obrigando a que seja necessário fazer “um estudo muito claro das necessidades em caso de evacuação”. Quanto ao nível de ameaça, Ana Neri assegura que corresponde ao normal de festivais deste género.