Lisboa.  Medina forçado a mostrar acordo com Madonna

Lisboa. Medina forçado a mostrar acordo com Madonna


Direita, Bloco e PCP exigem explicações sobre os 15 lugares de estacionamento para a cantora. CDS diz que ficou “estupefacto”. Perante a pressão, Medina promete mostrar contrato


Toda a gente sabe que é difícil conseguir um lugar para estacionar o carro em Lisboa. Não era, por isso, difícil de adivinhar que geraria polémica a decisão da Câmara de Lisboa de ceder um terreno à cantora Madonna para estacionar 15 viaturas. 

CDS, PSD, Bloco de Esquerda e PCP tencionam pedir explicações a Fernando Medina e garantem que desconheciam este caso. 

Ao i, o vereador João Gonçalves Pereira, do CDS, confessa que ficou “estupefacto com esta situação insólita” e critica o presidente da Câmara de Lisboa por favorecer a estrela pop. “É uma situação que é grave. A Madonna é muito bem vinda a Lisboa, mas isso não permite um autêntico vale tudo. Temos uma câmara que elimina estacionamento e utiliza a EMEL para perseguir os lisboetas e, ao mesmo tempo, disponibiliza aquilo que é património municipal sem que haja um contrato e sem que haja o pagamento devido desse mesmo estacionamento. Há aqui claramente dois pesos e duas medidas”, diz.

O CDS vai pedir hoje explicações por escrito a Fernando Medina e espera ter uma “resposta rápida”. 

O CDS garante que “temos assistido a uma gestão camarária do quero, posso e mando em que há várias matérias que deviam ser objeto de discussão nas reuniões de câmara e que não são”. 

Os sociais-democratas também exigem mais esclarecimentos sobre esta caso. Teresa Leal Coelho, vereadora social-democrata, confirma ao i que, no início desta semana, vai “pedir explicações e procurar saber o que se passou”. O PSD considera que, a confirmar-se que a câmara cedeu os lugares de estacionamento através de um acordo verbal com a cantora, é “um mau princípio”. 

O Bloco de Esquerda, que fez um acordo com os socialistas para governar a cidade, sugeriu não ter conhecimento do acordo entre a autarquia e a cantora pop. Ricardo Robles diz apenas ao i que, a confirmar-se esta notícia, vai pedir esclarecimentos sobre os moldes em que esta cedência foi feita. “O estacionamento é escasso e, por isso, deve ser regulado com responsabilidade”, diz o vereador bloquista. 

Medina esclarece hoje A notícia de que a câmara cedeu um terreno a Madonna para estacionar os 15 carros da sua equipa foi dada, no sábado, pelo jornal “Expresso”. Madonna está a fazer obras na sua casa, na Rua das Janelas Verdes, e pediu à autarquia um espaço para as viaturas da equipa que a acompanha. A câmara confirmou ao “Diário de Notícias” que “foi feito um acordo para a cedência do espaço de estacionamento nas traseiras do Palácio Pombal”. Aautarquia liderada por Fernando Medina argumenta que “o objetivo deste acordo precário é evitar perturbação e transtornos no trânsito local”, bem como que o mesmo espaço “já foi disponibilizado a várias outras entidades, nomeadamente ao Instituto de Conservação e Restauro José Figueiredo até dezembro de 2017”. 

A Câmara de Lisboa foi dando esclarecimentos, em vários momentos, sobre esta polémica. Depois das críticas do CDS e do PSD e das dúvidas manifestadas pelos partidos de esquerda, Fernando Medina garantiu, a meio da tarde de domingo, que vai divulgar hoje o acordo. 

O gabinete do presidente da câmara assegurou, ao “Diário de Notícias” e ao “Expresso”, que existe um contrato escrito e que Madonna vai pagar 720 euros por mês para utilizar aquele espaço. O valor da renda só foi, porém, divulgado quando a polémica já estava instalada e depois das acusações de que a câmara estava a favorecer Madonna. As notícias davam mesmo conta de que o acordo era apenas verbal. 

Turistas e EMEL Muitas das críticas a Fernando Medina foram feitas através das redes sociais.

Mauro Xavier, ex-líder do PSD/Lisboa, acusou Fernando Medina de continuar “a governar apenas para turistas”. Raúl de Almeida, dirigente do CDS e ex-deputado, escreveu que o cidadão comum “vive perseguido, multado e bloqueado pela EMEL”.