Cinco dias após a libertação do grupo autointitulado por La Manada, condenados a nove anos de prisão por abuso sexual, a vítima de violação por parte do grupo, durante as festas de São Firmino, em Espanha, escreveu uma carta que acabou por se tornar pública.
A jovem, de 18 anos, alertou para a necessidade de denunciar este tipo de casos e pediu que as vítimas “não fiquem em silêncio”, utilizando o próprio exemplo como uma chamada de atenção para todos aqueles que receiam o “caminho (…) a percorrer”, mas também o medo por acharem que “ninguém vai acreditar”, acrescentado que a denúncia pode ser feita “a um amigo, a um familiar, à polícia” ou até mesmo através de um “tweet”.
“Ninguém tem que passar por isto. Ninguém precisa de se arrepender de beber, conversar com pessoas numa festa, ir para casa sozinho ou usar uma minissaia . Temos que lamentar toda a mentalidade que esta sociedade tem”, escreveu na carta, que foi tornada pública no programa de televisão espanhol ‘El Programa’, salientando que a vítima não tem qualquer culpa neste tipo de casos.
Além do pedido para denunciar estes casos, a vítima, que não foi identificada, fez ainda uma chamada de atenção para todos aqueles que falaram no assunto, solicitando que as pessoas “pensem antes de falar”, uma vez que se sentiu rotulada.
“Obrigado por me fazerem sentir outra vez parte da sociedade, onde parece que se te violam tens de andar com um cartaz de ‘violada’ colado na testa”, afirmou, dizendo ainda que não é “a rapariga de São Firmino”, mas sim “a filha, neta, amiga” de alguém, como todas as outras pessoas.
A jovem agradeceu ainda todo o apoio que recebeu, a nível familiar, mas também ao povo espanhol que permitiu que ela tivesse “voz” quando “muitos tentaram” tirar-lha.
Recorde-se que o grupo responsável pelo crime, composto por cinco homens, foi libertado depois de, na passada quinta-feira, ter sido decretada liberdade provisória pelo tribunal da Comunidade Autónoma de Navarra, mediante o pagamento individual de uma fiança.
O grupo estava em prisão preventiva desde julho de 2016, condenados a nove anos por abuso sexual e não por violação.
Vários protestos foram levados a cabo em Espanha depois da libertação dos cinco sevilhanos.