Há algum tempo que os moradores de várias localidades de Sintra sofrem com frequência cortes de água em casa. Os habitantes queixam-se de que o problema é regular e recorrente e, apesar das reclamações apresentadas aos SMAS de Sintra, a situação parece não ficar resolvida.
É o caso de Pedro Monteiro, que vive na zona da Portela de Sintra e já foi afetado mais do que uma vez. Ao i contou que só em abril teve três cortes de água no espaço de 15 dias. O problema existe “desde sempre e eu resido nesta freguesia desde 1964”, revelou.
Os cortes acontecem “a qualquer hora” do dia e o pior é quando ocorrem “durante a noite”, porque a reposição da água só é feita “no final da manhã seguinte”. “Se a rutura ocorrer durante o dia, demora o tempo da reparação; durante a noite, a reparação só é efetuada na manhã seguinte devido à aplicação da lei do ruído”, explicou.
Todas as vezes que se depara com esta situação contacta os SMAS de Sintra, mas a justificação é sempre a mesma: os cortes ocorrem devido a uma “rutura na rede de distribuição”.
Na mesma situação está Paula Falcão, também residente na zona da Portela de Sintra. Diz que as falhas têm ocorrido “desde o início do ano” e, à semelhança de Pedro Monteiro, no mês de abril também teve três cortes na distribuição de água. “É uma situação recorrente”, conta ao i, acrescentando que as falhas normalmente ocorrem entre a “meia-noite e as 12h30”.
Sempre que esta situação acontece, Paula fala com os SMAS: “Contacto sempre os SMAS e da última vez até perguntei, como era a terceira vez no espaço de 15 dias, se iria ter 20% de desconto na fatura. A senhora dos SMAS riu-se.”
Pedro foi mais longe e já fez queixa a outras entidades: “Tenho em meu poder o email da resposta à reclamação que efetuei para a Assembleia Municipal de Sintra, datado de dezembro de 2016, no qual os SMAS assumem o envelhecimento da rede de distribuição e informam quais as medidas tomadas.” Entre elas está a realização de obras de substituição das condutas que pertencem à rede de distribuição.
Problemas com tubagem envelhecida Contactado pelo i, os SMAS de Sintra confirmaram a ocorrência dos cortes de água: “Os SMAS de Sintra confirmam a ocorrência de cinco cortes de água, na zona da Portela de Sintra, desde o início deste ano, com uma duração média de interrupção de cerca de três horas.”
Quanto às causas das falhas na distribuição da água, os SMAS justificaram dizendo que se trata de um problema da tubagem, por o material já estar envelhecido. “As roturas ocorreram na zona porque as tubagens de fibrocimento, material envelhecido, são particularmente sensíveis às cargas rodoviárias, vibrações diversas e à movimentação dos solos”, explicaram.
Para corrigir este problema, os SMAS estão “neste momento a finalizar o plano de remodelação das Redes de Água e Drenagem de Águas Residuais Domésticas e Pluviais à Portela de Sintra”.
Para este plano está previsto o investimento de cerca de dois milhões de euros, que “irá para concurso no 3.o trimestre deste ano”. O objetivo é começar as obras no primeiro trimestre do próximo ano: “Este é um dos projetos no âmbito do plano de investimento, mais de 45 milhões de euros até final de 2020, previstos pelos SMAS de Sintra”.
Desperdício de água também afetou moradores Se, por um lado, vários moradores se queixavam da falta de água, Lina Gaspar reclama do desperdício.
Pelo menos desde outubro do ano passado que na freguesia de Terrugem, Sintra, havia uma fuga de água. A rutura “esteve ali mais de seis meses”, admitiu ao i. Deveria tratar-se de “uma conduta que estava pública e estava a sair constantemente água potável. Esteve assim meses”, sublinhou.
Os habitantes procuraram na altura os SMAS para saber qual a origem da rutura e, segundo Lina, a entidade já tinha conhecimento da mesma: “Mas nem sequer vinham cá fazer nada. Vieram cá uma vez para ver se era da casa da minha vizinha, mas ficou na mesma.”
O problema prolongou-se e só depois de Lina Gaspar ter partilhado o cenário nas redes sociais é que a situação ficou resolvida. “Publiquei no Facebook e aquilo acabou por se espalhar. Veio cá um piquete dos SMAS arranjar este problema”, mas só há cerca de um mês é que a situação ficou resolvida.