O médico da Presidência da República, Daniel de Matos, foi impedido de entrar nas urgências do Hospital de Braga no passado sábado, depois de Marcelo Rebelo de Sousa aí ter dado entrada, a seguir a um desmaio. O incidente só foi ultrapassado graças à intervenção da PSP, que teve de explicar à direção das urgências que Daniel de Matos tem “livre-trânsito” para acompanhar o Presidente. Mas o hospital nega o incidente e garante que o clínico foi recebido, à chegada, por elementos da unidade hospitalar.
No entanto, como o i noticiou esta terça-feira, Daniel de Matos pediu ajuda a um agente da polícia que estava de serviço nas instalações da unidade de saúde para conseguir ter acesso ao Presidente da República. E foi o PSP quem explicou à equipa de médicos que o clínico teria de ser autorizado a entrar. Primeiro, por ter “livre-trânsito”, por pertencer à comitiva de Marcelo Rebelo de Sousa. Segundo, por ser o seu médico oficial. Ainda assim, só passados largos minutos é que o médico pôde finalmente juntar-se a Marcelo, de quem é amigo de infância.
Daniel de Matos é o médico da Presidência da República há cerca de 30 anos, desde a eleição de Mário Soares em 1986. E, antes de Marcelo, também assistiu Jorge Sampaio. Mas o clínico já conhecia o atual Presidente antes da sua chegada a Belém. Foram colegas no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, e conheceram–se aos 11 anos.
Marcelo Rebelo de Sousa sofreu um desmaio no sábado, pouco antes das 13 horas, a seguir a uma visita ao Santuário do Bom Jesus, em Braga. A indisposição, segundo explicaria mais tarde o próprio Presidente aos jornalistas, foi causada por um estado de desidratação provocado por uma gastroenterite, muito provavelmente na sequência de uma “vulgaríssima” intoxicação alimentar. Por indicação médica, Marcelo viu-se obrigado a cancelar a agenda desse dia – tinha previsto passar o São João em Braga, menos de uma semana depois de as festas terem sido formalmente candidatadas a Património Cultural Imaterial – e a de domingo também.
Já recuperado, o Presidente viaja hoje para Washington. E amanhã reúne-se na Casa Branca com o seu homólogo americano, Donald Trump – encontro em que, entre outros assuntos, estará em cima da mesa a pertença à NATO. Depois da viagem aos EUA, Marcelo não tenciona parar e planeia rumar novamente à Rússia, para apoiar a seleção nacional de futebol, que ontem se qualificou para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo.
No final de dezembro, o Presidente da República, que tem 69 anos, também foi hospitalizado e operado de urgência a uma hérnia umbilical no Hospital Curry Cabral. Na altura, recuperou rapidamente e não precisou de ser substituído pelo presidente da Assembleia da República, como prevê o artigo 132 da Constituição. A intervenção cirúrgica estava prevista para o início de janeiro, mas foi antecipada depois de o médico da Presidência, Daniel de Matos, ter diagnosticado uma hérnia estrangulada, o que obrigou à operação de urgência.
Hospital de Braga nega impedimento
Esta terça-feira, na sequência da notícia avançada pelo i sobre o facto de o médico de Marcelo Rebelo de Sousa ter sido impedido de entrar nas urgências de Braga, esta unidade hospitalar reagiu e garante que, "em momento algum", o dr Daniel de Matos foi imepedido de entrar no Serviço de Urgência do Hospital de Braga.
"O médico da Presidência da República, Dr. Daniel de Matos, não foi, em momento algum, impedido de entrar no Serviço de Urgência do Hospital de Braga, no passado sábado, aquando da presença do Presidente da República nesta unidade hospitalar. Em nenhum momento a entrada do médico oficial da Presidência da República foi dificultada, visto que foi acompanhado, desde a chegada ao Hospital, até ao local onde se encontrava o Senhor Presidente da República por elementos da equipa do Hospital de Braga e da equipa da Presidência da República.", lê-se no esclarecimento enviado o i pelo hospital.
"O Hospital de Braga tudo fez, durante a permanência do Senhor Presidente da República e da sua equipa no Serviço de Urgência, para que tudo decorresse num ambiente de elevado profissionalismo e de respeito pelas pessoas presentes, de forma a que os melhores cuidados de saúde pudessem ser prestados, razão pela qual não pode aceitar que tal seja colocado em causa.", pode ler-se na mesma nota.