Há 4929 mediadores Santa Casa em Portugal e os jogos são vendidos em vários espaços, como cafés, quiosques, tabacarias ou papelarias. A facilidade de acesso que essas pessoas têm aos jogos torna-as um alvo especialmente vulnerável ao consumo – e ao vício.
Os mediadores com quem o i falou dizem conhecer casos de colegas que começaram a jogar de forma inocente, mas que por não conseguirem controlar o consumo acabam por desenvolver um vício.
Foi isso que aconteceu, por exemplo, ao proprietário de um estabelecimento na Margem Sul. Com os bilhetes ali mesmo à mão, nos momentos mortos, ao longo do dia, começou a raspar para se entreter e na esperança de conseguir encontrar um bilhete premiado. Dia após dia, foi jogando cada vez mais.
A situação descontrolou-se e, às tantas, deu por si com dívidas que cresciam de dia para dia à Segurança Social. Na esperança de ter possibilidade de as saldar, não abandonou o jogo – e, simultaneamente, a dívida continuou a aumentar, acabando mesmo por chegar aos milhares de euros.
A solução para o vício? Trespassar o espaço. No entanto, essa não foi a solução para a dívida, que, hoje, continua por saldar e sem resolução à vista.
O i quis saber junto da Santa Casa se a entidade acompanha os mediadores no sentido de perceber se desenvolvem um vício e se sinaliza casos nessas circunstâncias. Questionámos, também, se existe algum procedimento especial a ser aplicado nesses casos.
Fonte oficial da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa esclarece que “caso existam mediadores que, hipoteticamente, tenham problemas com o jogo, devem também eles ser encarados na mesma ótica que os apostadores”. De que forma? Podem, continua a mesma fonte, “seguir as recomendações de jogo responsável do Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, caso sintam necessidade, obter aconselhamento especializado através da Linha de Apoio Jogo Responsável, pelo telefone 214 193 721 (uma linha totalmente independente, anónima e confidencial)”.