Stacey Cunningham. Fez-se história na bolsa de Nova Iorque

Stacey Cunningham. Fez-se história na bolsa de Nova Iorque


Licenciada em engenharia industrial, Stacey Cunningham é a primeira mulher a assumir a presidência da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Após 226 anos a liderança passa então a acontecer no feminino. Adena Friedman também conseguiu, há cerca de um ano, tornar-se na primeira CEO da bolsa de Nasdaq e Maria João Carioca fez história…


Stacey Cunningham passou de diretora de operações da New York Stock Exchange para presidente, facto que chamou a atenção de todos: foram necessários mais de dois séculos para ser feita história na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Nunca uma mulher tinha sido escolhida para o lugar. 

A protagonista é licenciada em engenharia industrial pela Universidade de Lehigh, na Pensilvânia, e passa a ocupar o cargo que pertenceu a Thomas Farley desde 2014. Stacey Cunningham, de 43 anos, começou a trabalhar como estagiária na bolsa nova-iorquina em 1994. Estava ainda na faculdade. Desses tempos recorda o facto de ser um mundo maioritariamente de homens. Numa entrevista, Stacey recorda diferenças que não passavam despercebidas: a casa de banho das mulheres era no sétimo piso, dentro de uma velha cabine telefónica. Já os mais de mil homens que lá trabalhavam tinham um espaço amplo, com sofás e uma assistente própria. 

Mas, de acordo com o Business Insider, o percurso profissional não se fez apenas na bolsa nova-iorquina. Entre 1996 e 2005, Cunningham trabalhou como especialista no Bank of America. Dois anos depois, virou-se para a bolsa tecnológica de Nasdaq, onde foi diretora de Mercados de Capitais. O regresso à bolsa de Nova Iorque só viria a acontecer em 2012. 

A nomeação de Stacey para o cargo chamou ainda mais a atenção porque aconteceu um ano depois de Adena Friedman se ter tornado na primeira CEO da bolsa de Nasdaq. No fundo, duas das bolsas mais importantes do mundo passaram a ser geridas por mulheres. 

Também por cá houve recentemente trocas e escolhas com que muitos não contavam. Maria João Carioca conquistou, em abril de 2016, o que em 246 anos mais nenhuma mulher conseguiu: foi apontada com a nova presidente da Euronext Lisbon.

Não é todos os dias que alguém do sexo feminino ocupa funções de topo numa empresa em Portugal e, numa instituição dirigida por homens ao longo de 246 anos de história, a surpresa foi ainda maior. Formada em Economia pela Universidade Nova, Maria João Carioca viu o nome ser aprovado de forma unânime pelo conselho de administração da empresa que gere algumas das bolsas de valores da Europa. Para a Euronext, a «experiência comprovada em funções executivas» e em mercados de capitais levou a empresa a considerar economista a pessoa «mais indicada para liderar as operações da Euronext em Portugal»

O currículo é invejável. Tem um MBA tirado no prestigiado INSEAD e um programa de gestão organizacional na ainda mais conceituada Harvard Business School. 

A carreira profissional começou em 1993, na McKinsey & Company, onde foi consultora e se dedicou aos setores de serviços financeiros e administração pública. 

Numa das poucas entrevistas que deu, Maria João admitiu à revista Executiva que acabou por sair da empresa quando engravidou da segunda filha: «Gostava imenso do que estava a fazer mas não estava a conseguir encontrar a solução para fazer as coisas como eu as queria fazer. Durante os quatro anos que as minhas filhas têm de diferença tentei várias formas de me organizar, trabalhei em part time, mas tive muitas dificuldades em manter o vigor e a disponibilidade mental ao nível do que queria estar a fazer. E portanto fui à procura de espaço».

De acordo com Maria Teresa d’Avila, presidente da Associação das Mulheres Empresárias em Portugal (AMEP), «o que é pedido às mulheres não é que sejam iguais aos homens. Para conseguirem estes cargos, as mulheres têm de conseguir ser muitos melhores do que eles». Até porque, explica, «muitas vezes as mulheres servem como capas. Existem mulheres muito bem colocadas que não sei até que ponto é que são responsáveis por aquilo que fazem e pelas decisões que tomam». 

No entanto, este cenário parece estar a mudar – e estas três mulheres são exemplo disso.