Não ceder


Em França, o maliano Mamoudou Gassama salvou, de uma forma extraordinária, uma criança e reabriu o debate sobre os imigrantes. Entretanto, a última “Le Point” apelidou de ditador o presidente da Turquia. E logo na capa, para fúria de Erdogan que, num ato de campanha para as eleições convocadas com vista a ser reconduzido a…


Na sequência das afirmações de Erdogan, vários quiosques franceses foram forçados a retirar os cartazes que publicitavam a revista e que normalmente são feitos com a capa da última edição. Imediatamente, várias foram as vozes que vieram a público, entre elas a de Macron, defender a liberdade de imprensa e que nada, menos ainda a pressão de um líder estrangeiro, poderia colocá-la em causa. 

É óbvio o que está a acontecer na Turquia com a deriva autoritária de Erdogan. Longe vão os tempos em que se discutia a possibilidade de este país aderir à União Europeia. Daqui, do ano de 2018, podemos dizer que ainda bem que não aconteceu. Há erros que se evitam com a indecisão. Mas este episódio da “Le Point” no mesmo fim de semana em que Mamoudou Gassama, o maliano que chegou a França há três semanas e que trepou quatro andares para salvar uma criança pendurada na varanda, faz-nos ver que distinguir o homem bom do mau, não generalizar e fazê-lo com coragem, sem concessões, é um dos desafios das nossas vidas. Ponderar para não ser injusto e nunca recuar. Nunca ceder à pressão. Mamoudou Gassama e muitos como ele merecem. Erdogan, não.

 

Advogado 

Escreve à quinta-feira