Maçons de todo o mundo reunidos na Catalunha. França recusou ir

Maçons de todo o mundo reunidos na Catalunha. França recusou ir


O Grande Oriente da Catalunha, que defende a independência contra as leis do Estado espanhol, recebe o encontro anual de maçons


Maçons de mais de 100 países estão reunidos na Catalunha desde quarta-feira. A assembleia-geral da associação que reúne a franco-maçonaria de mais de 100 países escolheu há um ano Barcelona como local para a reunião de 2018. A verdade é que, quando o local foi escolhido pela associação que agrega as maçonarias do mundo inteiro, o governo catalão então liderado por Carles Puigdemont já se preparava para declarar a independência de Espanha.

A escolha de Barcelona não pareceu inocente aos olhos de alguns maçons, nomeadamente aos olhos dos chefes do Grande Oriente de França, obediência maçónica que decidiu não participar nesta reunião.

Os maçons franceses foram os únicos que se recusaram a dar uma espécie de aval em forma de fraternidade maçónica à independência da Catalunha. Portugal está representado por Fernando Lima, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano que, em declarações ao i, tenta afastar a relação entre o apoio da maçonaria à independência da Catalunha e a reunião em Barcelona. “No ano passado, o Grande Oriente da Catalunha propôs-se organizar a Assembleia-Geral da CLIPSAS. Não há qualquer sentido político. Ninguém está a discutir política. É uma assembleia-geral normal”, diz o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano ao i.

A CLIPSAS – ou Centro de Ligação e de Informação das Potências Maçónicas Signatárias do Apelo de Estrasburgo – é uma organização fundada em 1961 que agrega maçons de todo o mundo e tem como principal objetivo criar uma união fraternal entre maçons “que considerem que a liberdade de consciência é uma vitória da humanidade sobre si mesma e que, longe de ser um fator de desunião, ela conduz, graças à livre confrontação de opiniões, à supressão de todas as barreiras”.

Maçons catalães independentistas

O Grande Oriente da Catalunha apelou, na sequência da repressão do Estado espanhol nos dias seguintes ao referendo, aos maçons de todos o mundo “para condenar os ataques bárbaros que em 1 de outubro sofreu o povo catalão”. Em comunicado assinado pelo grão-mestre, Ernest Ruiz i González, o Grande Oriente da Catalunha afirmou que os maçons são “defensores do direito à autodeterminação dos povos” e, por isso, está ao lado “do povo catalão e dos outros povos para que esses direitos nunca mais sejam negados”. A maçonaria catalã defende que a Catalunha “tem o direito de exigir a sua autodeterminação, independentemente das leis do Estado que durante séculos a tem dominado, destruindo a sua cultura, idioma e tradições”. “A maçonaria catalã não pode permanecer impassível diante de eventos muito sérios que nos lembram estados totalitários da Europa de outras épocas”, diz ainda o comunicado, a propósito da prisão dos dirigentes independentistas depois do referendo.