Cenas de um casamento no Castelo de Windsor


Se nos lembrarmos do abalo dos Windsor com as crises conjugais entre Carlos e Diana, amplamente relatadas na imprensa pelos advogados das duas partes, percebemos que há muito que as coisas foram mudando em Buckingham e arredores


Fui uma daquelas pessoas que ligaram a televisão ao meio-dia de sábado para assistir ao casamento de Harry, filho do príncipe Carlos e de Diana de Gales, com a atriz americana Meghan Markle. O meu republicanismo não me impede de me divertir com os rituais monárquicos. A Inglaterra gosta da monarquia que, de resto, ajuda o país a ganhar dinheiro. Há muito tempo que a monarquia inglesa tem vindo a adaptar-se à modernidade: o príncipe Carlos, herdeiro do trono, casou com a divorciada Camilla Parker-Bowles naquela mesma Capela de São Jorge. Três dos quatro filhos da rainha Isabel ii divorciaram-se – e a sua falecida irmã Margarida também. 

Se nos lembrarmos do abalo dos Windsor com as crises conjugais entre Carlos e Diana, amplamente relatadas na imprensa pelos advogados das duas partes, percebemos que há muito que as coisas foram mudando em Buckingham e arredores.

Mas o que mudou com este casamento? A decisão de Harry e Meghan de introduzirem a cultura afro-americana na cerimónia, perante o ar estranho e enfastiado por vezes dos “royals” e a presença serena da afro-americana Doria Ragland, mãe da noiva.

O sermão do reverendo Curry, feito à americana, e o gospel “Stand By Me”, interpretado por cantores negros, é um corte epistemológico com a tradição da realeza britânica que, como todos os “grandes” dos antigos países imperiais, sempre deu sinais racistas ao longo dos anos. 

Bastava olhar para as caras enjoadas de Camilla Parker-Bowles e Kate Middleton perante o sermão do bispo Michael Curry – que citou amplamente Martin Luther King e falou do poder do amor, não apenas do amor sentimental – para se perceber como o programa do casamento foi revolucionário. 

Politicamente, este casamento pode ser muito bom para a monarquia britânica. O séc. xx foi um tempo de grandes mudanças, mas agora, e finalmente, os Windsor entraram no séc. xxi.


Cenas de um casamento no Castelo de Windsor


Se nos lembrarmos do abalo dos Windsor com as crises conjugais entre Carlos e Diana, amplamente relatadas na imprensa pelos advogados das duas partes, percebemos que há muito que as coisas foram mudando em Buckingham e arredores


Fui uma daquelas pessoas que ligaram a televisão ao meio-dia de sábado para assistir ao casamento de Harry, filho do príncipe Carlos e de Diana de Gales, com a atriz americana Meghan Markle. O meu republicanismo não me impede de me divertir com os rituais monárquicos. A Inglaterra gosta da monarquia que, de resto, ajuda o país a ganhar dinheiro. Há muito tempo que a monarquia inglesa tem vindo a adaptar-se à modernidade: o príncipe Carlos, herdeiro do trono, casou com a divorciada Camilla Parker-Bowles naquela mesma Capela de São Jorge. Três dos quatro filhos da rainha Isabel ii divorciaram-se – e a sua falecida irmã Margarida também. 

Se nos lembrarmos do abalo dos Windsor com as crises conjugais entre Carlos e Diana, amplamente relatadas na imprensa pelos advogados das duas partes, percebemos que há muito que as coisas foram mudando em Buckingham e arredores.

Mas o que mudou com este casamento? A decisão de Harry e Meghan de introduzirem a cultura afro-americana na cerimónia, perante o ar estranho e enfastiado por vezes dos “royals” e a presença serena da afro-americana Doria Ragland, mãe da noiva.

O sermão do reverendo Curry, feito à americana, e o gospel “Stand By Me”, interpretado por cantores negros, é um corte epistemológico com a tradição da realeza britânica que, como todos os “grandes” dos antigos países imperiais, sempre deu sinais racistas ao longo dos anos. 

Bastava olhar para as caras enjoadas de Camilla Parker-Bowles e Kate Middleton perante o sermão do bispo Michael Curry – que citou amplamente Martin Luther King e falou do poder do amor, não apenas do amor sentimental – para se perceber como o programa do casamento foi revolucionário. 

Politicamente, este casamento pode ser muito bom para a monarquia britânica. O séc. xx foi um tempo de grandes mudanças, mas agora, e finalmente, os Windsor entraram no séc. xxi.