Catalunha. Rajoy proíbe novo governo independentista e prolonga artigo 155

Catalunha. Rajoy proíbe novo governo independentista e prolonga artigo 155


Independentistas escolheram ministros presos e no exílio. Rajoy recusa executivo e não devolve autonomia


O presidente do governo espanhol proibiu este fim de semana a constituição do novo executivo independentista na Catalunha pelo facto de este incluir ministros no exílio ou em prisão preventiva. Mariano Rajoy considera que a proposta de Quim Torra para o novo governo regional é uma “provocação” e, no sábado, decidiu vetá-la. Ontem comunicou-o aos independentistas catalães e informou também os líderes de PSOE e Ciudadanos que o artigo 155 ficará ativo até que a aliança independentista catalã proponha um executivo sem “problemas de viabilidade” – Rajoy tem articulado a resposta à crise catalã com os dois partidos antirreferendo e anti-independência no parlamento. Ainda não é desta que a indefinição catalã se dissipa.

Quatro nomes iraram o Palácio da Moncloa. Quim Torra nomeou Jordi Turull e Josep Rull para os cargos de ministro da Presidência e para a pasta dos Territórios e Sustentabilidade, respetivamente – os dois estão presos preventivamente no caso das manobras independentistas do ano passado. Torra escolheu também dois políticos catalães no exílio: Toni Comín e Lluís Puig, a quem estariam destinadas as pastas da Saúde e da Cultura. As opções controversas parecem ser a continuação da estratégia catalã dos meses passados, ao longo dos quais a aliança independentista tentou apontar como líder as figuras mais destacadas do processo e as que mais estão sob a mira das autoridades espanholas. 

Quim Torra indica, porém, que o governo regional pode insistir nos ministros escolhidos na semana passada. O novo líder independentista catalão considera “essencial” preservar as posições oferecidas aos ministros presos ou no exílio e “inimaginável” que o governo espanhol não anule o artigo 155. Torra disse este fim de semana ao “El Punt-Avui” que a região e o país enfrentam uma “crise institucional de dimensões consideráveis” caso a autonomia catalã não seja restabelecida em breve. 

Apontar ministros os catalães presos e no exílio oferece uma mensagem clara: o independentismo não considera legítimos os processos jurídicos contra os seus líderes. Aos olhos de Barcelona, os seus políticos mantêm todos os direitos. Jordi Turull afirmou isso mesmo através do Twitter: “Temos os nossos direitos políticos intactos, [e] pedimos a liberdade para exercer o cargo com plenitude. Não publicar as nomeações porque não são do seu agrado é um exercício de prevaricação; mantê-los, um ato de dignidade perfeitamente legal”, escreveu. Também a coordenadora do PDeCAT, Marta Pascal, protestou contra a decisão de Rajoy e o apoio do PSOE e do Ciudadanos: Rajoy, disse, está a “desprezar as leis e a democracia e a humilhar a vontade maioritária dos catalães”.