MI5. “Ataques malignos” da Rússia contra as democracias europeias

MI5. “Ataques malignos” da Rússia contra as democracias europeias


Chefe da secreta britânica condena a Rússia por envenenar os Skripal e alerta para atentados “devastadores” do Estado Islâmico na Europa


As ameaças russa e do Estado Islâmico são as duas grandes preocupações de segurança na Europa. O chefe dos serviços secretos britânicos internos, o MI5, acusou o governo russo de “violações flagrantes das regras internacionais”. Para Andrew Parker, o Kremlin está envolvido em “atividades malignas deliberadas, direcionadas para desestabilizar as nossas sociedades democráticas livres e abertas”.

Numa reunião com outros chefes de serviços secretos da Europa, em Berlim, Parker deu como exemplo “a imprudente tentativa de assassinato de Sergei Skripal [antigo oficial russo que espiava para o Reino Unido], usando uma substância neurotóxica letal, [que] pôs em risco numerosas vidas, incluindo a da sua própria filha [Yulia, que foi também envenenada]”.

Nas declarações, citadas pela BBC, o chefe do MI5 fala da “máquina de propaganda” do Kremlin, que obriga a que “se tenha de fazer luz através de um nevoeiro de mentiras, meias verdades e ofuscação” promovido pelo executivo de Vladimir Putin.

Parker – neste que é o primeiro discurso de um chefe do MI5 fora de território britânico – referiu ainda que no intuito de “construir a grandiosidade da Rússia no palco internacional”, o governo russo “arrisca-se a tornar-se um pária mais isolado” ao recorrer repetidamente a “ações perniciosas dos seus serviços militares e de inteligência”.

“O Estado russo pratica agora uma doutrina generalizada de misturar manipulação dos média, desinformação e distorção, junto com novas e velhas formas de espionagem e altos níveis de ciberataques, força militar e pressão criminosa”, explicou o chefe do MI5 a uma audiência composta essencialmente por membros de agências de segurança de toda a Europa.

Estado Islâmico reagrupa-se

Sobre o Estado Islâmico, a quem denominou pelo nome Daesh, Andrew Parker garantiu que desde o ataque de Westminster, em 2017, os serviços de segurança e a polícia já conseguiram evitar outros 12 atentados e, ao contrário do que se poderia pensar, com o quase desaparecimento do denominado califado que tinham na Síria e Iraque, o grupo islâmico terrorista está longe de estar acabado e anda a planear em grande.

“Ao mesmo tempo que estou aqui a falar, eles procuram reagrupar-se e a ameaça tem toda a probabilidade de se manter”, mas agora “de uma dimensão diferente”. Até porque, diz, tudo indica que o Estado Islâmico pretenda cometer mais atentados “devastadores” em cidades europeias, operações muito “mais complexas”.

Atentados mais devastadores e planeados que o ataque de sábado em Paris, onde uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas por um homem armado de uma faca que gritou “Alá é grande” antes de investir. O atentado já foi reivindicado pelo Estado Islâmico.

“Não podemos arriscar-nos a perder a nossa capacidade mútua ou a enfraquecer o nosso esforço coletivo ao longo da Europa. Devemos isso a todos os cidadãos da União Europeia”, afirmou Parker.