Segundo mandato de Marcelo nas mãos de Costa


“Se Costa falhar este ano – e as demissões na proteção civil e a falta de aviões são péssimos augúrios – Marcelo acaba mesmo por cumprir um só mandato”


Vai fazer um ano no mês que vem  que aconteceram os trágicos incêndios de Pedrógão. O fogo regressou brutalmente em outubro e mais de 100 pessoas morreram. Num dos discursos mais violentos que alguma vez um Presidente fez contra um governo, Marcelo disse a seguinte frase: “Para mim, como Presidente da República, o mudar de vida neste domínio é um dos testes decisivos ao cumprimento do mandato que assumi e nele me empenharei totalmente até ao fim desse mandato. Impõem-no milhões de portugueses mas impõem-no sobretudo os mais de 100 portugueses que tanto esperavam da vida no início do verão de 2017 e não chegaram ao dia de hoje.”

Para quem ficou com dúvidas, à porta de mais uma época de incêndios, Marcelo veio esclarecer de uma forma mais óbvia o que significava a expressão “teste decisivo”. Na entrevista que deu à Renascença e “Público”, o Presidente disse que a sua recandidatura estava dependente do sucesso no combate aos fogos. 

É verdade que Marcelo começou por propagar, no início da caminhada para Belém, que só faria um mandato. A questão permitia-lhe resolver um problema de base – os segundos mandatos tendem para uma certa decadência. Aos poucos, foi evoluindo na intransigência inicial. Mas, ao afirmar taxativamente “voltasse a correr mal o que correu o ano passado (…) isso seria, só por si, impeditivo de uma recandidatura”, Marcelo está a pôr o ónus de uma decisão no governo e em António Costa. Se Costa falhar este ano – e as demissões na proteção civil e a falta de aviões são péssimos augúrios – Marcelo acaba mesmo por cumprir um só mandato. Enquanto Costa nunca se demitirá, (embora uma nova tragédia igual à do verão passado diminuísse as possibilidades do grande sucesso que agora parece estar aos pés do PS), o Presidente mais consensual de sempre “demite-se”. A recandidatura de Marcelo está nas mãos do Estado, gerido pelo governo gerido por Costa, de impedir novas tragédias. Nunca se viu pressão tamanha sobre um governo. E Marcelo pode mesmo só cumprir um mandato – perante uma eventual futura tragédia, sai em ombros e ele e a direita podem voltar noutra vida.


Segundo mandato de Marcelo nas mãos de Costa


"Se Costa falhar este ano – e as demissões na proteção civil e a falta de aviões são péssimos augúrios – Marcelo acaba mesmo por cumprir um só mandato"


Vai fazer um ano no mês que vem  que aconteceram os trágicos incêndios de Pedrógão. O fogo regressou brutalmente em outubro e mais de 100 pessoas morreram. Num dos discursos mais violentos que alguma vez um Presidente fez contra um governo, Marcelo disse a seguinte frase: “Para mim, como Presidente da República, o mudar de vida neste domínio é um dos testes decisivos ao cumprimento do mandato que assumi e nele me empenharei totalmente até ao fim desse mandato. Impõem-no milhões de portugueses mas impõem-no sobretudo os mais de 100 portugueses que tanto esperavam da vida no início do verão de 2017 e não chegaram ao dia de hoje.”

Para quem ficou com dúvidas, à porta de mais uma época de incêndios, Marcelo veio esclarecer de uma forma mais óbvia o que significava a expressão “teste decisivo”. Na entrevista que deu à Renascença e “Público”, o Presidente disse que a sua recandidatura estava dependente do sucesso no combate aos fogos. 

É verdade que Marcelo começou por propagar, no início da caminhada para Belém, que só faria um mandato. A questão permitia-lhe resolver um problema de base – os segundos mandatos tendem para uma certa decadência. Aos poucos, foi evoluindo na intransigência inicial. Mas, ao afirmar taxativamente “voltasse a correr mal o que correu o ano passado (…) isso seria, só por si, impeditivo de uma recandidatura”, Marcelo está a pôr o ónus de uma decisão no governo e em António Costa. Se Costa falhar este ano – e as demissões na proteção civil e a falta de aviões são péssimos augúrios – Marcelo acaba mesmo por cumprir um só mandato. Enquanto Costa nunca se demitirá, (embora uma nova tragédia igual à do verão passado diminuísse as possibilidades do grande sucesso que agora parece estar aos pés do PS), o Presidente mais consensual de sempre “demite-se”. A recandidatura de Marcelo está nas mãos do Estado, gerido pelo governo gerido por Costa, de impedir novas tragédias. Nunca se viu pressão tamanha sobre um governo. E Marcelo pode mesmo só cumprir um mandato – perante uma eventual futura tragédia, sai em ombros e ele e a direita podem voltar noutra vida.