A verdadeira história do ‘esquadrão suicida’ de Chernobyl

A verdadeira história do ‘esquadrão suicida’ de Chernobyl


Livro publicado por Andrew Leatherbarrow revela a história por detrás dos homens que ajudaram a salvar a Europa


Já passaram mais de 30 anos desde que a Europa assistiu ao desastre de Chernobyl, o pior acidente nuclear da história, que matou dezenas de pessoas e afetou a vida de outras dezenas de milhares ao longo das últimas décadas. Mas a verdade é que tudo podia ter sido muito pior, não fosse a ação de um ‘esquadrão suicida’.

Em abril de 1986, duas explosões na estação nuclear mataram instantaneamente duas pessoas, mas muitas mais foram afetadas pelas consequências destes eventos: ao todo, foram libertadas 400 vezes mais radiação do que a bomba largada em Hiroshima, em 1945.

As chamas foram extintas em cerca de seis horas, mas o problema não estava resolvido: no início de maio, o núcleo de um dos reatores continuava a derreter. Por baixo, existia uma ‘piscina’ enorme – um sistema de resfriamento de reatores – e a matéria radioativa que estava a derreter começa a aproximar-se da água. Se tal acontecesse, poderia ocorrer outra explosão de vapor que destruiria totalmente a estação nuclear – ou seja, rebentaria com outros três reatores.

De acordo com o livro de Andrew Leatherbarrow, ‘1:23:40: The Incredible True Story of the Chernobyl Nuclear Disaster’, uma explosão destas destruiria metade da Europa, tornando-a inabitável durante cerca de 500 mil anos. Para que isso não acontecesse, era necessário esvaziar a ‘piscina’, mas a cave que dava acesso a esta estrutura estava inundada e as válvulas estavam debaixo de água.

Reza a lenda que um soldado e três agricultores – todos voluntários para ajudar a comunidade a enfrentar esta catástrofe – vestiram roupa de mergulho e entraram na água radioativa. Os três homens conseguiram abrir as válvulas e esvaziar a ‘piscina’. Quando entraram no espaço, sabiam que era altamente radioativo e as autoridades garantiram-lhes que, caso a missão terminasse da pior maneira, as suas famílias receberiam apoio do Estado. Os três homens morreram semanas depois desta intervenção.

No entanto, segundo Leatherbarrow, a história não foi bem assim: os três homens – todos agricultores – não foram os primeiros a entrar naquela cave. Antes deles, uma equipa de bombeiros entrou para medir os níveis de radiação. “Quando os três homens entraram, a água dava-lhes por baixo do joelho”, escreve o autor.

Os homens acabaram por descobrir as válvulas e escoar a água e nenhum deles morreu pouco tempo depois desta missão. De acordo com Leatherbarrow, o homem responsável pela supervisão deste procedimento morreu apenas em 2005 com um ataque cardíaco. Um dos outros homens continua a trabalhar na área da indústria e o terceiro ‘desapareceu’, mas estava vivo em 2015, quando Leatherbarrow fazia pesquisa para o livro.

O autor decidiu não revelar os nomes dos três homens para manter a sua privacidade.