Apesar da política ditirâmbica do Twitter a vida não parece correr muito mal na presidência a Donald Trump. A estatísticas revelam os números mais baixos de desempregados dos últimos 18 anos e o complicado dossier nuclear da Coreia do Norte parece bem encaminhado, apesar das recentes queixas da liderança de Pyongyang, sobre a destruição do clima das conversações, por parte da Casa Branca, nestes últimos dias.
Desde o início da presidência de Trump, há só, tirando as folclóricas confusões com atrizes pornográficas, uma imensa sombra: as relações entre a campanha de Donald Trump e os círculos governamentais russos.
Nomeado a 17 de maio de 2017 para fazer um inquérito sobre as alegadas interferências russas nas eleições presidenciais dos EUA, o procurador especial Robert Mueller parece determinado a levar esta investigação até às últimas consequências.
Segundo um artigo publicado no passado 1 de maio no “Washington Post”, o procurador teria feito saber, em reunião realizada com os advogados de Trump, que ou o presidente lhe respondia às questões que tinha ou ele convocaria o presidente dos EUA a depor perante o grande júri. Esta notícia foi confirmada por um dos advogados presentes à agência Associated Press, na mesma semana que o “New York Times” revelava uma longa lista de 49 perguntas que a investigação judiciária tinha para fazer ao atual locatário da Casa Branca.
Donald Trump continua a falar que é alvo de “uma caça às bruxas” e vira agora baterias contra o procurador especial Rober Mueller, isto enquanto, a exemplo da sua Administração, a sua equipa de defesa sofre profundas alterações com a saída de John Dowd e Ty Cob. Para o seu lugar o presidente recrutou o ex-presidente da câmara republicano de Nova Iorque Rudy Giuliani e o homem que defendeu Bill Clinton na acusação de impeachment, o advogado Emmet Flood.
Mas neste caso o que parece poder também estar em causa é o mecanismo de controlo independente da democracia dos EUA, nomeadamente a separação de poderes entre o poder executivo e o judicial. Várias vezes Trump ameaçou correr com o procurador especial e acabar assim com as investigações à sua campanha. “Muita gente disse: ‘devia-o despedir’”. afirmou ele em 9 de abril, com a concordância da sua porta-voz, Sarah Sander, que assegurou repetidamente que o presidente tem poderes para isso.
Recentemente, Trump retificou o tiro, tendo afirmado a 4 de maio, que “ninguém tem mais de vontade de falar” ao procurador que ele. Mas que quer assegurar que tem um tratamento justo, garantindo ter sérias duvidas que obtenha essa justiça, devido a que “Rober Mueller trabalhou durante oito anos para Obama”. O que não é totalmente falso: o procurador especial dirigiu o FBI durante sete anos de administração republicana e cinco anos de administração democrática de Obama.
As ameaças de Trump dividem os seus apoiantes. Recentemente vários senadores republicanos uniram-se a democratas para aprovar um projeto de lei que blindaria Rober Mueller, evitando uma decisão, que seria segundo alguns republicanos, como o senador Chuck Grassley, que preside a comissão das leis na câmara alta do congresso dos EUA, “suicidária” para o presidente Trump.
Quem não tem duvidas é o senador republicano John McCain, a morrer de um cancro do cérebro, deixou como última vontade, a proibição do presidente ir ao seu funeral.