Artes do caráter


Nesta coluna não tenho sido meigo para a atuação da direção geral das Artes e, consequentemente, para com a sua diretora Paula Varanda. Isso não me impede de me incomodar com o assassínio de caráter que lhe foi feito nos últimos dias e que levou à sua exoneração. Não posso admitir que lhe sejam averbados…


Castro Mendes, ministro da Cultura, demitiu Paula Varanda por ter tido conhecimento que estava a ser levada a cabo uma investigação pelo programa da RTP “6ª às Nove” (espaço televisivo do qual sou fiel seguidor) no qual alegadamente se provaria uma situação de promiscuidade, incompatibilidade ou favorecimento entre Varanda e uma associação de que é dirigente. O ministro precipitou-se condenando sem conhecer as provas.

Pela reportagem percebe-se que esta é uma associação com atividade residual desde que Varanda foi nomeada diretora geral. Provavelmente, digo eu, muito dependente da própria. Varanda terá, aliás, pedido a cessação de funções mas a assembleia não conseguiu “apresentar um novo corpo gerente ou deliberar o encerramento da associação” como refere em comunicado. Sobre um alegado favorecimento da DGartes concluí-se o contrário dado que não recebe apoios desde 2014 (Varanda foi nomeada em 2016) tendo recebido no ano de 2017 apenas um apoio residual (1700€) do município de Mértola, onde está sediada. O único facto juridicamente relevante prende-se com a sua assinatura constar de um contrato com a RTP, datado de 2017, para a realização de um documentário sobre mulheres com cancro na mama. Paula Varanda explica que este documentário estava a ser rodado desde 2015 e que os procedimentos públicos de contratação levaram a que apenas fosse contratualizado em fevereiro e exibido em março de 2017. Acrescenta ainda que não recebeu qualquer verba do valor contratualizado mas foi, isso sim, para pagar as despesas da sua realização. Ato imprudente mas atendível.

Não conheço pessoalmente Paula Varanda e tenho inúmeras críticas à Direção Geral das Artes no período em que, por ela, foi dirigida. Contudo não posso deixar de escrever que a sua exoneração, por estes motivos, diz-nos mais sobre o desvario de quem está à frente da tutela do que sobre o caráter de Paula Varanda. 

 

Escreve à segunda-feira


Artes do caráter


Nesta coluna não tenho sido meigo para a atuação da direção geral das Artes e, consequentemente, para com a sua diretora Paula Varanda. Isso não me impede de me incomodar com o assassínio de caráter que lhe foi feito nos últimos dias e que levou à sua exoneração. Não posso admitir que lhe sejam averbados…


Castro Mendes, ministro da Cultura, demitiu Paula Varanda por ter tido conhecimento que estava a ser levada a cabo uma investigação pelo programa da RTP “6ª às Nove” (espaço televisivo do qual sou fiel seguidor) no qual alegadamente se provaria uma situação de promiscuidade, incompatibilidade ou favorecimento entre Varanda e uma associação de que é dirigente. O ministro precipitou-se condenando sem conhecer as provas.

Pela reportagem percebe-se que esta é uma associação com atividade residual desde que Varanda foi nomeada diretora geral. Provavelmente, digo eu, muito dependente da própria. Varanda terá, aliás, pedido a cessação de funções mas a assembleia não conseguiu “apresentar um novo corpo gerente ou deliberar o encerramento da associação” como refere em comunicado. Sobre um alegado favorecimento da DGartes concluí-se o contrário dado que não recebe apoios desde 2014 (Varanda foi nomeada em 2016) tendo recebido no ano de 2017 apenas um apoio residual (1700€) do município de Mértola, onde está sediada. O único facto juridicamente relevante prende-se com a sua assinatura constar de um contrato com a RTP, datado de 2017, para a realização de um documentário sobre mulheres com cancro na mama. Paula Varanda explica que este documentário estava a ser rodado desde 2015 e que os procedimentos públicos de contratação levaram a que apenas fosse contratualizado em fevereiro e exibido em março de 2017. Acrescenta ainda que não recebeu qualquer verba do valor contratualizado mas foi, isso sim, para pagar as despesas da sua realização. Ato imprudente mas atendível.

Não conheço pessoalmente Paula Varanda e tenho inúmeras críticas à Direção Geral das Artes no período em que, por ela, foi dirigida. Contudo não posso deixar de escrever que a sua exoneração, por estes motivos, diz-nos mais sobre o desvario de quem está à frente da tutela do que sobre o caráter de Paula Varanda. 

 

Escreve à segunda-feira