Acordar faz bem à saúde da democracia


 Todos os partidos decidiram dormir muito, dormir em pé, agir como sonâmbulos no que aos maiores escândalos dos últimos anos diz respeito. 


Dormir faz bem à saúde das pessoas, mas não à saúde da democracia. Todos os partidos decidiram dormir muito, dormir em pé, agir como sonâmbulos no que aos maiores escândalos dos últimos anos diz respeito. O alheamento com que todos reagiram à acusação de Sócrates, refugiando-se na frase “à política o que é da política, à justiça o que é da justiça”, não foi uma atuação de uma democracia saudável. Se a acusação que recai sobre Sócrates tivesse como alvo determinados dirigentes de países estrangeiros, muitos daqueles que estão hoje calados não teriam dúvidas em fazer uma avaliação política do assunto. Imagine-se que era Berlusconi o acusado e a Operação Marquês decorria na Itália. Ou era José Eduardo dos Santos o acusado e a Operação Marquês estava localizada em Angola. Vários partidos portugueses não teriam dúvidas em fazer proclamações e, provavelmente, sentenças transitadas em julgado nas cabeças dos seus dirigentes. 

O alheamento do sistema político – e não só do PS – com o caso Sócrates tem imensos custos a prazo, a começar pelo aumento do descrédito da classe política, coisa de que os políticos não precisavam.

Felizmente houve um acordar no caso Manuel Pinho, depois de um longo torpor, como referiu Marques Mendes no domingo, na SIC. Rui Rio, desta vez, foi o primeiro a acordar, ao pedir a audição do ex-ministro arguido no parlamento.

Seguiu-se o PS, que não pode esquecer que Manuel Pinho foi ministro de um governo dos socialistas, a exigir explicações. O Bloco de Esquerda propõe agora uma comissão de inquérito com um âmbito alargado e que terá o apoio dos socialistas.

É bom que tenha havido este acordar coletivo. Os danos para a imagem dos políticos que os casos de Sócrates e Manuel Pinho estão a infligir são demasiados graves para que os partidos se comportem como sonâmbulos. Acordar faz bem à saúde da democracia e das instituições democráticas. Dormir na forma é contribuir para cortar ainda mais as pontes com a comunidade.


Acordar faz bem à saúde da democracia


 Todos os partidos decidiram dormir muito, dormir em pé, agir como sonâmbulos no que aos maiores escândalos dos últimos anos diz respeito. 


Dormir faz bem à saúde das pessoas, mas não à saúde da democracia. Todos os partidos decidiram dormir muito, dormir em pé, agir como sonâmbulos no que aos maiores escândalos dos últimos anos diz respeito. O alheamento com que todos reagiram à acusação de Sócrates, refugiando-se na frase “à política o que é da política, à justiça o que é da justiça”, não foi uma atuação de uma democracia saudável. Se a acusação que recai sobre Sócrates tivesse como alvo determinados dirigentes de países estrangeiros, muitos daqueles que estão hoje calados não teriam dúvidas em fazer uma avaliação política do assunto. Imagine-se que era Berlusconi o acusado e a Operação Marquês decorria na Itália. Ou era José Eduardo dos Santos o acusado e a Operação Marquês estava localizada em Angola. Vários partidos portugueses não teriam dúvidas em fazer proclamações e, provavelmente, sentenças transitadas em julgado nas cabeças dos seus dirigentes. 

O alheamento do sistema político – e não só do PS – com o caso Sócrates tem imensos custos a prazo, a começar pelo aumento do descrédito da classe política, coisa de que os políticos não precisavam.

Felizmente houve um acordar no caso Manuel Pinho, depois de um longo torpor, como referiu Marques Mendes no domingo, na SIC. Rui Rio, desta vez, foi o primeiro a acordar, ao pedir a audição do ex-ministro arguido no parlamento.

Seguiu-se o PS, que não pode esquecer que Manuel Pinho foi ministro de um governo dos socialistas, a exigir explicações. O Bloco de Esquerda propõe agora uma comissão de inquérito com um âmbito alargado e que terá o apoio dos socialistas.

É bom que tenha havido este acordar coletivo. Os danos para a imagem dos políticos que os casos de Sócrates e Manuel Pinho estão a infligir são demasiados graves para que os partidos se comportem como sonâmbulos. Acordar faz bem à saúde da democracia e das instituições democráticas. Dormir na forma é contribuir para cortar ainda mais as pontes com a comunidade.