Golear por 2-1


Sempre que o Benfica não ganha, ou ganha com dificuldade, Vitória alega que a sua equipa dominou o jogo e não lhe faltaram oportunidades para alcançar outro resultado.


No fim do jogo no Estoril, que o Benfica ganhou in extremis com um golo marcado aos 92 minutos, Rui Vitória mostrava-se visivelmente nervoso. Interrogado pelos jornalistas sobre as dificuldades por que o seu clube passara, respondeu um tanto desabridamente que “o Benfica goleou por 2-1”. E explicou que os seus jogadores tinham tido suficientes oportunidades para marcar mais três ou quatro golos. 

É verdade. Embora também seja verdade que o Benfica podia muito bem ter empatado ou perdido aquele jogo. Quantas equipas já não vimos dominarem jogos por completo e saírem derrotadas? O que dizer, por exemplo, da derrota do FC Porto no Restelo, num jogo que só teve um sentido e em que o guarda-redes do Belenenses fez três defesas impossíveis? Dizemos que o Porto goleou por 0-2?

Não é a primeira vez que Rui Vitória se defende com este tipo de discurso. Sempre que o Benfica não ganha, ou ganha com dificuldade, Vitória alega que a sua equipa dominou o jogo e não lhe faltaram oportunidades para alcançar outro resultado.

Mas isso é o que acontece sempre que um grande não ganha a um pequeno. Tendo melhores equipas e melhores jogadores, é natural que os grandes dominem os jogos e tenham mais ocasiões de golo. Só que não é isso que vence desafios. No tal jogo do Restelo, o Porto dominou o encontro do princípio ao fim e acabou derrotado por dois golos de diferença.

E nem foi este o caso do Estoril-Benfica. Se o Benfica foi melhor na primeira parte, o Estoril foi surpreendentemente mais forte na segunda. Marcou um golo invalidado por um offside de 50 centímetros, marcou outro golo validado, atirou uma bola ao poste que faria o 2-1. E se esta bola tem entrado, Rui Vitória estaria hoje a ver o título por um canudo.

Aliás, têm sido várias as ocasiões em que o Benfica quebra abissalmente de rendimento da primeira para a segunda metade do encontro. O jogo de sábado contra o Estoril foi tirado a papel químico do que acontecera em Setúbal: 1-1 aos 90 minutos, e aos 92 a aparecer o anjo salvador Salvio a salvar a honra do convento. Em Setúbal, Salvio arrancou um penálti, no Estoril marcou o golo de cabeça, no meio de um amontoado de jogadores em que ele era o mais baixo!

E já contra o FC Porto, na Luz, o Benfica revelara uma quebra acentuada de rendimento da primeira para a segunda parte, o que é pouco compreensível pois, dos três grandes, é a equipa com menos jogos efetuados nesta época.

De qualquer forma, a frase “golear por 2-1” fica para a história. E serve para tudo. Sempre que uma equipa grande perder, empatar ou ganhar por poucos, pode dizer que “goleou”. Mesmo que não tenha marcado nenhum golo. 


Golear por 2-1


Sempre que o Benfica não ganha, ou ganha com dificuldade, Vitória alega que a sua equipa dominou o jogo e não lhe faltaram oportunidades para alcançar outro resultado.


No fim do jogo no Estoril, que o Benfica ganhou in extremis com um golo marcado aos 92 minutos, Rui Vitória mostrava-se visivelmente nervoso. Interrogado pelos jornalistas sobre as dificuldades por que o seu clube passara, respondeu um tanto desabridamente que “o Benfica goleou por 2-1”. E explicou que os seus jogadores tinham tido suficientes oportunidades para marcar mais três ou quatro golos. 

É verdade. Embora também seja verdade que o Benfica podia muito bem ter empatado ou perdido aquele jogo. Quantas equipas já não vimos dominarem jogos por completo e saírem derrotadas? O que dizer, por exemplo, da derrota do FC Porto no Restelo, num jogo que só teve um sentido e em que o guarda-redes do Belenenses fez três defesas impossíveis? Dizemos que o Porto goleou por 0-2?

Não é a primeira vez que Rui Vitória se defende com este tipo de discurso. Sempre que o Benfica não ganha, ou ganha com dificuldade, Vitória alega que a sua equipa dominou o jogo e não lhe faltaram oportunidades para alcançar outro resultado.

Mas isso é o que acontece sempre que um grande não ganha a um pequeno. Tendo melhores equipas e melhores jogadores, é natural que os grandes dominem os jogos e tenham mais ocasiões de golo. Só que não é isso que vence desafios. No tal jogo do Restelo, o Porto dominou o encontro do princípio ao fim e acabou derrotado por dois golos de diferença.

E nem foi este o caso do Estoril-Benfica. Se o Benfica foi melhor na primeira parte, o Estoril foi surpreendentemente mais forte na segunda. Marcou um golo invalidado por um offside de 50 centímetros, marcou outro golo validado, atirou uma bola ao poste que faria o 2-1. E se esta bola tem entrado, Rui Vitória estaria hoje a ver o título por um canudo.

Aliás, têm sido várias as ocasiões em que o Benfica quebra abissalmente de rendimento da primeira para a segunda metade do encontro. O jogo de sábado contra o Estoril foi tirado a papel químico do que acontecera em Setúbal: 1-1 aos 90 minutos, e aos 92 a aparecer o anjo salvador Salvio a salvar a honra do convento. Em Setúbal, Salvio arrancou um penálti, no Estoril marcou o golo de cabeça, no meio de um amontoado de jogadores em que ele era o mais baixo!

E já contra o FC Porto, na Luz, o Benfica revelara uma quebra acentuada de rendimento da primeira para a segunda parte, o que é pouco compreensível pois, dos três grandes, é a equipa com menos jogos efetuados nesta época.

De qualquer forma, a frase “golear por 2-1” fica para a história. E serve para tudo. Sempre que uma equipa grande perder, empatar ou ganhar por poucos, pode dizer que “goleou”. Mesmo que não tenha marcado nenhum golo.