O Fundo Monetário Internacional (FMI) saiu ontem em defesa da globalização, garantindo que esta intensificou a disseminação do conhecimento e da tecnologia através das fronteiras e ajudou a espalhar no mundo o potencial de crescimento.
No entanto, alerta, é necessário garantir uma distribuição transversal dos ganhos económicos desta difusão e também que as empresas inovadoras não tenham um controlo excessivo dos mercados nos quais atuam.
De acordo com o FMI, esta disseminação é importante, uma vez que até há pouco tempo a produção de conhecimento e de tecnologia esteve concentrada em apenas algumas economias industrializadas.
Notando que a partilha de inovação tem tido lugar através de múltiplos canais, incluindo as patentes e o comércio, a instituição aponta que a concorrência internacional é outro dos fatores através dos quais a globalização tem melhorado a difusão do conhecimento e da tecnologia, que por seu lado aumentaram os incentivos para inovar e adotar tecnologias.
Para o FMI existem evidências que sugerem que a concorrência internacional tem aumentado e que o mercado global está menos concentrado. o que, de acordo com a instituição liderada por Christine Lagarde, é algo a preservar.
No seu World Economic Outlook (WEO), edição da primavera, revelado ontem, o fundo mostra preocupação com uma diminuição da concorrência na distribuição da riqueza. “Este capítulo tem destacado o efeito positivo da globalização no crescimento”, lê-se num dos capítulos do WEO. Mas, acrescenta, os “responsáveis políticos têm de ter a certeza que esses benefícios são amplamente partilhados pela população de forma transversal”.
Além da promoção da concorrência, o FMI defende a promoção de políticas que facilitem o ajustamento dos trabalhadores à nova realidade do mercado de trabalho, nomeadamente investindo na educação e na requalificação das aptidões. “As preocupações de que a globalização pode exacerbar a desigualdade dentro dos países também se aplicam ao crescimento beneficiado pela difusão de tecnologia”, escreve o FMI.
Incentivos à inovação
Outra das preocupações do FMI resultantes da inovação e da tecnologia é o “controlo excessivo” que as empresas inovadoras têm no mercado onde atuam.
O fundo defende incentivos à inovação para aumentar o potencial de crescimento económico global, mas alerta que as empresas inovadoras não podem fintar a concorrência.
Segundo o FMI, em causa estão empresas cuja tecnologia lhes permite controlar o mercado onde operam, o que obriga os governos a assegurarem que “as empresas inovadoras não tiram partido da nova tecnologia adquirida para ganhar um controlo excessivo do mercado em detrimento dos consumidores”.
No entanto, salienta, “o desenho das medidas deve manter uma concorrência suficiente e permitir que haja inovações subsequentes pelos concorrentes”.