O presidente da Comissão Executiva do Millennium BCP, Nuno Amado, foi mais uma testemunha a afastar qualquer responsabilidade do ex-vice-presidente de Angola na saída do ex-procurador Orlando Figueira do DCIAP para o privado. O antigo magistrado foi contratado para a área do compliance daquele banco enquanto esperava rumar a Angola para o trabalho que o fez abandonar a magistratura – e que o arguido diz que lhe foi prometido pelo banqueiro Carlos Silva.
Nuno Amado disse perante o coletivo que o nome de Orlando Figueira lhe foi apresentado numa altura em que o banco se estava a reestruturar e a reduzir o número de trabalhadores, havendo, no entanto, uma necessidade específica no departamento de compliance.
«Foi o dr. Iglésias Soares que falou comigo sobre o nome de Orlando Figueira, o banco estava a iniciar um processo de reestruturação e recordo-me de ter percebido bem a lógica da contratação […] Disseram-me que era um magistrado com um profundo conhecimento das áreas onde precisávamos de algum conforto», recordou na quarta-feira o presidente da Comissão Executiva do banco e vice-presidente do Conselho de Administração, salientando que desde o início tentou assegurar-se de que não existiam incompatibilidades ou restrições: «Disse que não tinha nada a opor, mas perguntei ao dr. Iglésias Soares se os órgãos do MP tinham dado autorização, se não havia restrições. E foi-me dito que não havia restrições à sua contratação para o privado».
Questionado diretamente sobre se alguma vez recebeu indicações de Manuel Vicente ou de Carlos Silva, o outro vice-presidente do Conselho de Administração do Millennium BCP, Nuno Amado, foi categórico: «Não me recordo de alguma vez me terem pedido qualquer favor com um mínimo de relevância, e este teria relevância».
Ainda que tenha dito desconhecer qual o método de seleção ou quem levou Orlando Figueira para o BCP, Nuno Amado deixou uma certeza: «Pela minha mão não foi».