Estava a jantar com o fotógrafo Sebastião Salgado quando soube do massacre dos trabalhadores sem-terra em Eldorado do Carajás. Tião alugou um avião e foi para lá. Meses depois, Nepomuceno fez um livro sobre o massacre. É jornalista. Traduziu amigos e escreveu livros. A sua vida decorre entre reportar o que viu, ouvir a “Milonga del Ángel”, assistir à Revolução Sandinista e negociar palavra a palavra as traduções de obras do seu amigo Galeano, enquanto esperavam pelas cinco da tarde. Coisa que só perceberá se ler a entrevista.
Normalmente, os brasileiros estão voltados de costas para o resto da América Latina. Por herança paternal, escapou a esse destino?
Sim, quando eu era menino, 15 ou 16 anos, o meu pai era físico e tinha trabalhos no Uruguai e me levou, e eu fiquei muito surpreso porque era o contrário do Brasil. Naquele tempo, em 1962, os autocarros do Uruguai ainda era ingleses. A mim, que tinha passado um tempo da minha infância na Europa, Alemanha, e uns meses em Paris, Montevideu me fazia lembrar a Europa da minha infância. Aí eu descobri que havia um outro mundo a duas horas de avião. Depois fui a Buenos Aires, que também me impactou muito. Tudo isso na minha juventude. E foi assim.
Foi assim que começou a descobrir a literatura latino-americana?
Descobri primeiro a América Latina e depois comecei a descobrir autores que eu nunca tinha ouvido falar. Conhecia Pablo Neruda e alguma poesia, e pouco mais. Um dia, eu estava em Montevideu e vi um livro de um camarada chamado Horácio Quiroga, e o título do livro era “Cuentos de amor, de locura y de muerte”, e eu tive que comprar esse livro. Em 1972, eu resolvi ir embora do Brasil e a minha dúvida era em que país me instalar. Fui ao Uruguai e depois a Buenos Aires, em que tinha ficado amigo de um músico muito bom.
Astor Piazzolla?
Sim, o Astor Piazzolla. Depois fui ao Chile de Salvador Allende e fui ao Peru, que tinha tido um golpe de Estado progressista, com o general Velasco Alvarado. E depois decidimos, a minha mulher e eu, que uma cidade que tinha produzido um músico como o Piazzolla só podia ser muito louca. Estávamos no final da ditadura e ia haver uma eleição. Foi isso, apesar de às vezes, para impressionar as moças, eu digo que o meu país era uma ditadura e a Argentina estava em fim da ditadura, mas que eu queria ver como era o renascer da democracia. Mas isso eu digo só para impressionar as moças. Na realidade fomos para lá por causa do Piazzolla, que eu tinha conhecido uns anos antes.
Disse numa entrevista que conheceu o Piazzolla porque achou graça à moça dele, e depois falou com ele e esqueceu–se da moça.
(Risos) Não foi bem assim. Eu conheci Piazzolla em 68, quando eu fui sozinho a Buenos Aires e tinha um concerto musical chamado de “Operita Maria de Buenos Aires”, e eu fui, curioso, ver, e descobri um monstro e um génio. Não tem nenhum mistério.
Ele era excessivo? Li uma descrição sua em que dizia que ele era arrogante, tudo o mais, mas maravilhoso.
Não era muito arrogante. Pode ser. Nunca pensei nesse ponto de vista. Ele era meio tímido e, às vezes, os tímidos se fazem arrogantes como defesa. Ele era muito bem humorado e temperamental. Italiano.
Vai parar ao México por causa dos sandinistas, mas chega a ir para a Nicarágua?
Em 1979, quando podia voltar para o Brasil, e na altura já não quis, tinha algum contacto com um escritor nicaraguense, o Sergio Ramírez.
Que foi um dos comandantes da Revolução Sandinista.
Ele era o único civil na junta sandinista. Era um momento de geração. Eu fui morar no México porque fui cobrir toda a América Central como jornalista. E não tinha sentido morar noutro sítio, até porque o México era e é um país muito importante. Foi assim que fui lá parar. Mas a razão foi a Revolução Sandinista.
E como foi a Revolução Sandinista?
Foi a última revolução da minha geração e, se calhar, do mundo. Não tem mais espaço para aquele tipo de ação. Foi linda, era caso de tocar o céu com a mão. Uma coisa que me emocionou muito é que, durante um semestre, as escolas da Nicarágua fecharam porque toda a gente que sabia ler e escrever foi para o campo ensinar as pessoas que não sabiam ler. Tudo era feito assim como muito voluntarismo, solidariedade e generosidade. Lembro-me que eles faziam duplas de escritores para ir pelo país e me tocou ir com [Julio] Cortázar no interior, a uma pequena aldeia perdida de menos de mil habitantes. E o Cortázar perguntou a uma negrinha linda, de trancinhas, do que ela gostava mais na escola, e ela disse-lhe: “Sapatos.” Nunca tinha tido sapatos. Era uma revolução generosa que depois foi absurdamente roubada, violada, traída, saqueada…
Pelo Daniel Ortega?
Pelo Daniel Ortega e a quadrilha dele. Os meus amigos sandinistas estão fora: o Sergio Ramírez, o padre Ernesto Cardenal, eu era dessa tropa. Sergio continua a ser meu grande amigo até hoje. A gente tem muita divergência política, alguma divergência ideológica, mas isso nunca me impediu de ter amigos. O Sergio é um amigo querido. Eu continuo em contacto. Desde 89, nunca voltei para a Nicarágua. Vou lá o ano que vem.
É a sina das revoluções e das paixões descambarem?
Não sei. Aquela foi a minha, descambou. Já tive paixões que não descambaram.
Mas no seu livro “Bangladesh, talvez e outras histórias”, tirando a rapariga do cinema que aceita o namoro, o resto é duro nessa matéria. (risos)
A vida é às vezes dura. Mas às vezes tem a rapariga do cinema. Imaginou se a vida fosse só a rapariga do cinema? Ia ser uma chateação.
Há na escolha dos contos um certo vazio e uma certa solidão quase presente em todos eles – temperada, é certo.
Nuno, deixa eu te explicar uma coisa: esse livro não é meu, é de um amigo meu chamado Manuel Valente, que é o editor. Eu só escrevi. Quem escolheu e ordenou os contos foi ele. Eu gosto da seleção porque pega um longo período da minha escrita. As pessoas dizem-me que é triste. Eu não sou uma pessoa triste e escrevi outras coisas, mas ele escolheu estas. Eu assumo que estes também são meus filhos. A vida é muito desigual e a gente é o que a gente escreve e escreve o que a gente é. Há uma canção linda do António Carlos Jobim e do Vinicius de Moraes, feitas quando eles eram jovens, que é uma canção de amor em que o poeta canta à rapariga: “Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver.” Passado um tempo, o Tom Jobim me disse: “Cara, que letra ruim do Vinicius”, e eu “que é isso, Tom, é uma maravilha”, mas ele não estava convencido e disse-me: “Já imaginou todos iguais a você? O homem da padaria, o porteiro do edifício… Se todos fossem iguais a você, não tinha piada nenhuma.”
(Risos) Isso parece “O Morte aos Feios” do Vernon Sullivan, um pseudónimo do Boris Vian, em que clonavam só gente bela de tal forma que as raparigas começaram a gostar de marrecos, que pelo menos eram diferentes. Participou num documentário sobre o Vinicius, não foi?
O Miguel Faria realizou o documentário. Eu só escrevi os textos.
Ao mesmo tempo que estava a fazer o documentário sobre o massacre dos sem-terra.
Eu não me lembro. Mas é provável. Cinema é uma coisa que você demora anos a fazer. Eu comecei a trabalhar no documentário do Vinicius, com o Miguel Faria, em 2002, 2003 . Foi em 2003 que começámos a filmar, eu lembro-me porque com esse dinheiro troquei de carro e era um carro de 2003. Acabou de montar um filme, e em 2004 comecei a trabalhar no tema do massacre. E, de facto, eu nunca faço só uma coisa. O filme é lindo. Posso dizer sem vaidade porque o filme é do Miguel Faria, meu irmão da alma, a gente fez depois o Chico Buarque. Eu nunca prestei atenção nisso, era uma coisa tão bonita e divertida, e depois eu fui fazer aquele horror [a história do massacre de Eldorado do Carajás, em que foram mortos 22 militantes do Movimento dos Sem Terra].
No dia 17 de abril de 1996, em que se deu o massacre, estava a jantar com o Sebastião Salgado.
Como é que você sabe da minha vida toda?
Ele tinha prometido pagar-lhe o jantar. Soube da notícia, pediu um telemóvel emprestado, alugou um avião e deixou–o a jantar sozinho.
É verdade. Alguém o avisou às 22 horas o que tinha acontecido. E de repente ele disse: “ Que sorte, consegui alugar um avião.” Eu achei estranho, nunca tinha ouvido alguém a dizer que tinha alugado um avião, e até porque ele não tinha bebido assim tanto, apenas dois ou três copos de vinho. Ninguém aluga um avião com duas taças de vinho. Ele disse-me: “Eu estou indo para Marabá.” “Quando”, perguntei-lhe. “Agora, às quatro da manhã. Você não está sabendo o que está acontecendo?”, disse-me ele, e eu não sabia. Aliás, na altura, ninguém tinha a noção da dimensão do que tinha acontecido.
Mataram 22 pessoas?
Sim, 19 na altura e três depois. Assassinados. Sobreviveram e não resistiram aos ferimentos.
E dos 150 polícias, ninguém foi condenado?
Não. Em 2016, dez anos depois, o coronel e o major que comandaram os dois pelotões foram para a prisão, mas uma prisão que eu gostaria de ir, estão numa casa dentro de um quartel. A prisão no Brasil é um outro departamento. O governador que deu as ordens morreu sem sequer ter sido processado, quanto mais condenado. O secretário de Segurança Pública….
Que o ameaçou…
Ameaçou-me, todo o mundo me ameaçava naquele tempo. O secretário virou consultor da associação do congresso brasileiro da segurança pública, uma loucura.
Há uma total impunidade no Brasil em relação ao que acontece aos pobres?
Em relação aos pobres e ao que acontece no campo, devido ao poder, à corrupção e ao dinheiro.
No Rio de Janeiro há intervenção militar. O governo quer um mandado de busca coletivo nas favelas em que toda a gente pode ser revistada sem processo.
É engraçado porque é que o tráfico de drogas tem tanto poder e tanto dinheiro? Porque tem quem consome drogas. Ou nós liberalizamos o consumo de droga, que é a minha posição, ou você tem que fazer um controle sobre tudo. Mas quem consome drogas é branco, mora na zona sul e em Ipanema, e quem vende as drogas é negro e mora na favela. Quem importa não está no Brasil e não está no Rio de Janeiro. É uma coisa brutal. O que está acontecer com a intervenção militar é uma farsa.
Mas é uma farsa popular?
Para a classe média é ótimo, porque têm uma sensação de segurança. Talvez estejam assaltando menos no Leblon, na Gávea, no Jardim Botânico e no Ipanema, que são os bairros ricos da cidade, mas estão matando muito mais na periferia.
Numa crónica sua insurge-se contra a intervenção militar afirmando que não houve nenhum crescimento da violência.
Houve uma diminuição. Eu, quando escrevi, sabia que não tinha havido aumento, mas depois verifiquei nas estatísticas que até houve uma diminuição. Mas para isso serve a Rede Globo, que é o verdadeiro poder no meu país. Houve assaltos violentos televisionados em Ipanema e no Leblon agrediram meninas. Porquê? Porque o estado do Rio está em bancarrota, mais de metade das viaturas policiais estão paradas sem peças de substituição para andar. Agora, esses assaltos geram imagens impactantes, você vê uma menina toda bonitinha de olho roxo. Para quê bater? Eu não estava no Rio quando isso aconteceu. Estava em Petrópolis e não vejo normalmente televisão, por prescrição médica. Mas na internet vi um assalto a um automóvel na avenida com o metro quadrado mais caro de toda a América Latina, e disse: “Que horror.” Passo para outro lado e vejo outro assalto. Era o mesmo. A Globo passou o dia a repetir de vários ângulos as imagens do assalto. De tal maneira que eu liguei ao meu filho, preocupado, e ele disse-me que estava tudo tranquilo. “Está nervoso porquê?” Eu disse-lhe para ver a televisão para entender. As coisas não acontecem por acaso: termina o Carnaval, o vampiro de Brasília, o bandoleiro Michel Temer decreta uma intervenção no Rio. É uma loucura. Não vai adiantar nada.
A Dilma não tinha feito uma intervenção na época dos Jogos Olímpicos que também não resultou?
Não deu em nada. Mas no tempo da Dilma, essa intervenção foi feita a pedido do governador, que pediu apoio ao governo federal, mas toda a intervenção estava sob o comando do secretário de Segurança Estadual, que responde ao governador. Agora é um general que responde apenas perante Temer. Deixou de haver governador. Aliás, não tem governador há quatro anos, porque é um idiota que nunca fez nada. Aparentemente, não é ladrão, coisa que me surpreende muito.
Há o perigo de voltarem os generais e a ditadura militar?
Não precisa. Basta a Globo e um Supremo Tribunal poltrão e omisso. Basta a classe política mais corrupta. No tempo do PT roubavam bastante, mas quem roubou mais é quem está no poder hoje. Para quê militares? Não precisam.
A atual situação no Brasil não é também culpa do PT, que não fez nenhuma transformação de poder que o democratizasse?
O PT não fez mudanças estruturais, fez milagres concretos no Brasil ao tirar 43 milhões de pessoas, o equivalente a uma Argentina inteira ou quatro Portugais, da pobreza e da miséria. Podia ter feito reformas estruturais? Podia. Podia ter estabelecido normas de cidadania? Podia. Porque é que não fez? Em parte, eu acho que para governar o sistema do Brasil, o presidente não tem a maioria do Congresso e é obrigado a fazer alianças, e estas fazem-se com a parte podre da política, e isso foi o que o PT fez. Deixou-se contaminar.
Por que razão esses 43 milhões que o PT retirou da pobreza não estão mobilizados e nas ruas em sua defesa?
Em boa parte, porque foram idiotizados pelos meios de comunicação. Não há coisa pior que um pobre que deixou de ser pobre e vira um pobre diabo de direita. O favelado que quando troca de televisão, compra um automóvel e come melhor resolve votar como o patrão, sem perceber que ele se está traindo. É muito complexo o que aconteceu no Brasil. Agora, eu não tenho nenhuma dúvida que todo esse processo, desde que retiraram a Dilma, é para eliminar o Lula. A Dilma foi uma presidente razoável no primeiro mandato, no segundo foi uma inepta total. Eu fiz campanha pela Dilma para o primeiro mandado, no segundo apoiei e pronto. Agora, não somos parlamentaristas. Não se derruba um presidente porque ele é inepto. Espera-se eleições e vota–se noutro. E obviamente que o Lula ia voltar este ano, ele é favorito em tudo o que é sondagem. Tem mais que o dobro dos outros somados, portanto não o podem deixar ir às eleições.
Mas isso não pode ser um tiro no pé? O segundo candidato mais votado nas sondagens é Bolsonaro, pode ganhar.
Eles ficaram com as calças na mão. Eles não têm candidato, eles não sabem o que fazer. Esta medida do Rio de Janeiro é para o Temer ganhar alguma visibilidade e eleger-se. Ele é idiota. Para além de ladrão, ele é um pigmeu ético. Mas o meu país é louco e, de repente, ele se candidata, sei lá.
Há uma coisa comum nos seus romances e de alguns escritores da América Latina que é um certo realismo mágico. Essa magia é importante para descobrirmos a realidade?
Realismo mágico é uma invenção dos explicadores de tudo que não entendem nada. O realismo mágico foi um movimento nas artes plásticas da Alemanha no princípio do nazismo. Isso nunca houve na literatura latino americana. Ah, mas o García Márquez diz que Remédios la bela some entre lençóis. Mentira. A namorada engravidou e era uma vergonha, e tinha que ir embora da aldeia. Inventaram uma desculpa. No meu país há o Boto [golfinhos] na Amazónia, que uma vez por ano come, vai nas festas, seduz uma moça casta e virgem e a engravida. A moça é sem-vergonha? Não, foi o Boto, ele é que fez isso. Isto na Amazónia é verdade como na Colômbia. Uma moça desaparecer nos lençóis é realismo, para nós é que é mágico.
Se me lembro dos “Cem Anos de Solidão”, na cena final, quando fazem amor começam-lhes a crescer umas caudas de porco.
É claro que é uma maluquice. Não busco esse tipo de análises e explicações. Acho que é um livro maravilhoso. Isso me basta. Se é verdade ou não é verdade…
Disse que traduzia sobretudo amigos e que às vezes era duro. Chegou a chorar na última página da biografia de García Márquez.
Chorei muito. Chorei de uivar com a última página. Estava em Petrópolis, eram quatro horas da manhã, e eu não queria que o livro acabasse e o livro acabou. E eu não queria ligar para o México porque era muito tarde. Tive que esperar pelo meio-dia do dia seguinte para ligar para o Gabo e dizer-lhe que a última página do “Viver para Contar” é das declarações mais lindas de amor que eu li, em que a palavra “amor” ou a expressão “eu te amo” não aparece em nenhum momento. Eu falei isso para ele. E ele disse: “Fala isso com a Mercedes.”
Era também difícil traduzir Galeano?
Foi o único autor que eu consultei. A gente negociava linha por linha. Quando eu morava na Espanha, era fácil; quando eu morava no México, ele inventava um congresso para a gente se sentar com papel e caneta – como se deve, não aquela coisa gelada de computador. “Os Nascimentos”, o primeiro livro da Trilogia do Fogo, eu morava num bairro antigo e a três quarteirões tinha uma livraria com um café e um terraço em que a gente podia fumar. Naquele tempo, o mundo era civilizado, você podia fumar em qualquer lugar, cachorro não entrava em restaurante, mas fumante, sim. Foram cinco ou seis tardes aí discutindo. O Eduardo [Galeano] era muito apegado ao som das palavras, e aí é que havia uma cena de realismo mágico: por volta das cinco ou cinco e meia passava uma moça linda, várias coisas a gente resolvia depois de a moça ter passado. Quando a gente fechou “fechado e já não altera mais”, o Eduardo disse: “Você devia dar coautoria da tradução para a moça.” A gente não sabe quem era, se era muda ou se era gaga. Mas era tão bom. Na internet não há nada disso. Se você ler as traduções que eu fiz do Galeano, verá que tem muita diferença em relação ao original. Ele refazia o texto em função do som e do ritmo, ele sabia perfeitamente o português falado no Brasil.
Disse que hoje dificilmente voltaria ao jornalismo porque está velho , chato e caro, e também porque não há jornais.
Eu estou chato, exigente e sou caro. Eu considero o jornalismo uma forma de literatura. Faço ficção, os contos, e uma forma de não ficção que são as longas reportagens.
Nos contos e nas reportagens é comum conseguir manter o suspense e o interesse e resolver as coisas em poucas linhas.
Nunca pensei nisso, mas é verdade. Neste momento, o único jornalismo que faço regularmente é numa coluna no “La Jornada” e na Argentina, em que eu faço parte desde a fundação do “Página 12”, em que eu não sou chato, não sou caro e divirto-me a escrever. Eu escrevo o que quero e eles pagam-me quando querem.