Vladimir Putin é um bandido. Não é a primeira vez que é suspeito de mandar envenenar antigos espiões em solo britânico e é muito provável que o tenha feito. Mas não haja ilusões: a expulsão de embaixadores desencadeada pelos Estados Unidos e pela União Europeia é uma coisa meramente simbólica.
O facto de Portugal estar no lote de países que decidiu não expulsar diplomatas – como a própria União Europeia, ao mais alto nível, não fez – é um bocado igual ao litro. Não se trata de uma guerra: o governo inglês apelou a uma ação simbólica. Se não se tratasse apenas de um mero statement – é verdade que a lembrar o regresso da Guerra Fria – e fosse mesmo para levar a sério, Theresa May teria expulsado do Reino Unido os oligarcas russos amigos de Vladimir Putin que fazem da Grã-Bretanha a sua segunda pátria e enchem os cofres da City londrina. Mas isso não aconteceu: Londres precisa do dinheiro dos russos e Vladimir Putin até tem direito a votar em solo britânico.
Vota nas eleições para o Lord Mayor, uma espécie de presidente da câmara que dirige o bairro financeiro de Londres, a famosa City. Se a ideia fosse, de facto, enfrentar Putin onde mais lhe dói, a estratégia seria outra. Boicotar o Mundial de Futebol, por exemplo, como já foi sugerido, na Europa, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Linas Linkevicius. “Na Rússia, tudo serve para fazer política, e dar à Rússia o orgulho de ser a capital mundial da religião do futebol não será, francamente, muito produtivo”, disse o MNE lituano.
Mas, lá está, como qualquer Estado báltico, a Lituânia é inimiga ancestral da Grande Rússia. Londres não o é e não vai nunca aderir à proposta, essa sim, radical e não simbólica, da Lituânia. No meio disto, o facto de Portugal não ter expulso qualquer diplomata russo é assim tão importante? Sinceramente, não.