Apesar de ter começado com a sua proverbial competência a justiça espanhola está mais perto de conseguir deter o líder independentista catalão, Carles Puigdemont. Na sexta-feira passada, o Supremo Tribunal Espanhol enviou para a Finlândia uma ordem de detenção europeia, simplesmente a primeira versão dessa demanda judicial espanhola foi enviada em castelhano, o que levou as autoridades finlandesas a pedirem aos seus homólogos de Espanha que fizessem o favor de reenviar o pedido em inglês. Nesse espaço de tempo, Carles Puigdemont aproveitou para fugir do país. Foi de carro, atravessou a Dinamarca e entrou na Alemanha, o que não previu é que estava vigiado de perto pelos serviços secretos espanhóis, que avisaram as autoridades alemães que o detiveram perto de Hamburgo, numa estação de serviço, quando ia a caminho da Bélgica. Puigdemont já tinha feito 1300 quilómetros, faltando-lhe apenas 700 para chegar à Bélgica, quando foi detido pela polícia alemã na localidade de Schuby.
Segundo garante a edição digital da revista alemã “Focus”, a pronta detenção do presidente catalão deve-se ao alerta dado pelos serviços de informação espanhóis. A agência de notícias alemã DPA revela que a detenção foi feita às 11.19 da manhã de domingo, e que depois de passar algumas horas na esquadra local, o líder catalão foi enviado à prisão de Neumünster no início da tarde.
Ralph Döpper, vice-procurador geral de Schleswig-Holstein, confirmou, à DPA, que “o senhor Puigdemont está sob custódia policial”. Segundo Döpper, a decisão se o presidente do governo catalão é posto à disposição judicial será tomada na manhã desta segunda-feira. Nesta altura começará um processo que poderá levar à sua eventual entrega em Espanha, com prazos que poderão ir, para uma decisão final, até 60 dias.
A imprensa de Madrid rejubila com a detenção do líder independentista, garantindo que a extradição está bastante mais facilitada na Alemanha, porque ao contrário da Bélgica tem tipologias legais semelhantes com Espanha, e os crimes de sedição e rebelião estarão previstos no código penal germânico: na Alemanha os crimes de rebelião são castigados com penas até 10 anos de prisão. No caso da original democracia espanhola esse crime poder levar uma pena até 30 anos de cadeia. Sendo que na acusação do juiz Pablo Llarana, Puigdemont e mais de uma dezena de líderes independentistas são acusados dos crimes de rebelião, apesar de no Código Penal Espanhol ser preciso haver violência armada para esse feito. Para tornear essa aparente contradição, a justiça espanhola garante que não houve, mas estava prevista e haveria certamente.
Resultado, a pacificação da Catalunha está muito longe de acontecer e parece que o governo de Madrid e a sua justiça pretende prender o máximo de dirigentes independentistas relevantes para assim impossibilitar a constituição de um novo governo Catalão, que expresse a vontade da maioria dos votantes nas eleições do dia 21 de dezembro.
Milhares de catalães saíram às ruas no domingo para protestar contra mais uma prisão. E o presidente do parlamento, Roger Torrent, perante representantes dos partidos independentistas e o podemos reclamou a formação de uma frente unitária contra a repressão e a favor da democracia.
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Puigdemont é preso na Alemanha e pode ser entregue a Espanha
O código penal alemão prevê, como o espanhol, o crime de rebelião, o que facilita a extradição