Outra prática tabu na sociedade civil é o uso da canábis, quer para fins recreativos, quer para fins medicinais. Apesar da descriminalização, que foi um passo bastante importante no final do século passado, a legislação portuguesa relativa a esta prática continua a estar bastante aquém da expetativa, sendo muito proibicionista.
O uso da canábis em Portugal, apesar de descriminalizado, continua a ser um alvo constante e abusivo, chegando-se mesmo a uma perseguição/repressão desnecessária por parte das forças policiais aos consumidores. A todo este estigma antidroga por parte da fação ultraconservadorista da sociedade portuguesa já reconhecemos longas e claras barbas. A seu ver, a canábis equipara-se a opiáceos injetáveis e pode pôr termo às vidas dos seus filhos ou mesmo torná-los toxicodependentes.
A canábis é menos nociva e aditiva do que todos os outros psicoativos, grupo em que incluímos álcool, tabaco e qualquer tipo de medicamento de prescrição médica, para depressão ou ansiedade; não aumenta o risco de cancro, não está provado que provoque doenças do foro psicológico nem que a longo prazo cause qualquer tipo de défice cognitivo (como em tempos quiseram provar dando doses brutais a primatas com intervalos de minutos nos respetivos testes), bem como já provou a sua utilidade no tratamento de inúmeras doenças. A legalização dará ao consumidor/paciente a certeza de que o produto não estará adulterado. Ao contrário do álcool e de outros medicamentos, os utilizadores ou pacientes que se encontram sob o efeito da substância são muito mais cautelosos ao volante, daí não resultarem provas de que o uso da canábis contribua para a sinistralidade rodoviária.
O prejuízo do Estado é imenso: não só são gastos milhões do dinheiro dos contribuintes na guerra às drogas (política obsoleta), como também da sua legalização viriam milhões, mas de lucro, em impostos diretos, indiretos e, claro, da poupança que seria feita. Uma das provas de que a guerra às drogas não resulta é a estimativa que se faz da subida do lucro dos traficantes. O proibicionismo só dá a possibilidade de aumento do lucro por parte dos traficantes.
Há que legislar e depressa! A regulamentação do mercado das drogas leves e a legalização do uso da canábis são o reconhecimento das liberdades individuais do cidadão, bem como são ambas fundamentais para o progresso do nosso país e da Europa.
Escreve à terça-feira