Portugal está bem longe de ser um país amigo dos mais novos. Olhamos para as nossas empresas, para a academia e para a nossa política e facilmente percebemos a forma muito pouco dissimulada como as gerações mais velhas têm vindo a afastar os jovens dos vários círculos de poder.
Portugal está integrado numa Europa em que Macron foi eleito aos 39 anos e Sebastian Kurz, primeiro-ministro da Áustria, aos 31. Idade esta que, curiosamente, é a mesma de Luigi di Maio, líder do M5S, que foi o partido mais votado nas recentes eleições italianas. No entanto, no nosso querido Portugal, tantas vezes ultramontano e tacanho quanto baste, Luís Montenegro, com 45 anos, e Pedro Duarte, com 44, ainda são vistos como muito novos e “inexperientes” para se tornarem líderes do PSD.
Mas será este um mal do PSD? Obviamente que não. Da esquerda à direita, o problema da idade repete- -se. Ninguém tem dúvidas de que Mariana Mortágua seria uma muito melhor líder do Bloco de Esquerda do que Catarina Martins e ninguém questiona que João Ferreira seria um muito melhor líder do PCP do que Jerónimo Sousa. Mas será que os 31 anos de Mortágua e os 39 anos de Ferreira lhes permitiriam assumir essas responsabilidades? Na cabeça empoeirada de muitos portugueses, não.
Liguemos as nossas televisões nos canais informativos e façamos o seguinte exercício: tirando o Sebastião Bugalho, há mais algum jovem a fazer comentário político? Num país onde há tanto político, jornalista e comentador a queixar-se de que os jovens não se interessam pela política, não fazia mais sentido haver mais jovens a falarem de política na TV? Não parece óbvio?
Mas se pensa que este é um problema exclusivo da nossa vida política, então desengane-se. Quantas vezes, no seu local de trabalho, não viu jovens deixarem de aceder a posições de chefia devido à sua idade? Quantas vezes não deu por si a pensar que o subordinado do fulano x está muito melhor preparado do que ele mas, infelizmente, o patrão ainda diz que lhe falta alguma experiência e maturidade?
Obviamente que as empresas, os partidos e a sociedade têm de respeitar os mais velhos. É lógico que não podemos cair no erro de achar que os mais velhos não têm um enorme valor para o nosso país. No entanto, é urgente que o poder, que hoje está todo nas mãos dos mais velhos, seja repartido com os jovens. É uma questão de justiça mas, acima de tudo, é também uma questão fulcral para a maior parte dos setores da economia e da sociedade, que estão a precisar de uma urgente renovação geracional. De que estamos à espera?
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