O miserável terceiro lugar de Teresa Leal Coelho foi a prova clarividente de que nenhum partido, nem mesmo o partido com mais deputados na Assembleia da República, pode agir dando como garantidos nas urnas os votos dos seus habituais eleitores.
A fidelidade dos eleitores do PSD foi colocada à prova em Lisboa, através da aposta num nome de segunda linha e que era assumidamente uma alternativa de recurso. Foi colocada à prova e falhou. Falhou porque os eleitores do PSD não são tão fiéis como os eleitores do PCP ou do BE e falhou porque os eleitores do PSD têm sempre a alternativa de votarem no CDS. Como, aliás, fizeram.
Eu pensava que o PSD tinha efetivamente aprendido alguma coisa com estas autárquicas na capital mas, a julgar pelos primeiros passos de Rio à frente do partido, parece-me sinceramente que não.
Não percebo a aposta ridícula na benjamim de Marinho e Pinto como vice-presidente do partido, não percebo a legitimidade de um líder parlamentar eleito apenas com os votos de 39% dos deputados, não compreendo que não se convide para as reuniões da comissão política o líder parlamentar em exercício e não aceito que o suposto líder do centro-direita e da oposição ao governo das esquerdas, logo na primeira oportunidade, se vá vender ao primeiro–ministro socialista.
No início temi que, com Rui Rio, o PSD se transformasse em mais um partido de centro- -esquerda. Hoje temo que o partido, pura e simplesmente, se eclipse eleitoralmente. Aliás, as eleições europeias serão já um bom teste e permitirão aferir de que forma é que o eleitorado olha para este novo PSD e se Rui Rio tem mesmo condições para devolver o governo ao centro- -direita. A mim, do que já vi, parece-me sinceramente que não.
O eleitorado de centro–direita viu, de um momento para outro, as suas hipóteses de escolha reduzidas ao CDS. Já o eleitorado de esquerda viu voltar até si um PSD que parece envergonhado pelo que fez na legislatura anterior e apostado em ser mais uma muleta do PS.
A grande questão é a seguinte: mantendo esta estratégia, conseguirá Rui Rio sobreviver até às próximas legislativas? Não o daria, pelo menos para já, como garantido.
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