Adalberto só é meio ministro e finalmente percebeu


Faltam médicos, faltam enfermeiros, o Serviço Nacional de Saúde vive momentos de transe, o que é inacreditável tendo em conta que a governação é socialista, apoiada pelo Partido Comunista e pelo Bloco de Esquerda


Fez-se ontem luz na cabeça do ministro da Saúde. Tudo o que ele pretenda fazer vale zero, porque este governo tem um primeiro-ministro e um segundo-ministro – o segundo-ministro chama-se Mário Centeno, o primeiro-ministro é António Costa, e vivem em pacificação total. E o resto que se dane, desde que a meta do défice para além da troika seja conseguida em nome de uma máxima que Cavaco Silva inventou: “Ser bom aluno europeu.” Não é pelos atos já não serem protagonizados por Cavaco mas pelo governo “das esquerdas” que o conceito é menos gravoso e quase patético.

Faltam médicos, faltam enfermeiros, o Serviço Nacional de Saúde vive momentos de transe, o que é inacreditável tendo em conta que a governação é socialista, apoiada pelo Partido Comunista e pelo Bloco de Esquerda. Que o concurso para a entrada de 700 novos médicos esteja a marinar no gabinete do segundo-ministro Mário Centeno, em nome do escrupuloso cumprimento dos compromissos europeus, é um escândalo incompatível com os princípios dos fundadores do Serviço Nacional de Saúde

 Quando Adalberto Campos Fernandes vem dizer, como o fez ontem, sobre a abertura do concurso para o recrutamento de 700 novos médicos, que “são precisas duas assinaturas e um despacho conjunto” e que “este ano há um atraso maior porque o processo está no Ministério das Finanças à espera de ser concluído”, vem mostrar o estado a que chegou a gerência da saúde: pés e mãos atados, independentemente das políticas que pretende prosseguir.

É por este tipo de coisas que António Costa devia poupar-nos a todos a fazer piadolas com as cativações como fez quando anunciou a compra de seis quadros de Vieira da Silva, ao aludir que foi graças “à antipatia das cativações” que o Estado adquiriu os quadros. Mas as cativações – que não são mais do que o plano B pedido por Bruxelas e que Costa e Centeno sempre negaram – têm custos terríveis para o Estado social, do qual o SNS é um pilar fundamental.