Caso Rangel. Luís Filipe Vieira constituído arguido

Caso Rangel. Luís Filipe Vieira constituído arguido


Clube da Luz foi um dos alvos das buscas desta manhã e já reagiu


O presidente do Benfica foi constituído arguido no caso em que está a ser investigado o juiz desembargador Rui Rangel e em que estão a ser investigadas suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal.

Desde o início da manhã que a Polícia Judiciária já a levar a cabo uma mega operação em Lisboa com buscas em diversos locais, incluindo o Estádio da Luz, da qual já resultaram pelo menos dois detidos.

A Procuradoria Geral da República confirmou ao i/SOL a "realização de buscas em vários locais, designadamente no Tribunal da Relação de Lisboa". 

Segundo aquela fonte, "as diligências decorrem no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, com a coadjuvação de magistrados do DCIAP". 

Esta investigação surgiu na sequência de uma certidão que foi extraída da Operação Rota do Atlântico.

Tudo começou no chamado caso Rota do Atlântico

O juiz desembargador Rui Rangel está a ser investigado por indícios de crimes recolhidos no âmbito da chamada Operação Rota do Atlântico – em que se investiga José Veiga e Paulo Santana Lopes por suspeitas “de corrupção ativa no comércio internacional, branqueamento de capitais, tráfico de influências, participação económica em negócio e fraude fiscal qualificada”.

Segundo o SOL apurou, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) encontrou no âmbito desta investigação factos que indiciam a prática de crime e que envolvem o magistrado do Tribunal da Relação de Lisboa.

Esses factos terão surgido durante buscas feitas ao escritório do advogado José Santos Martins, indiciado na Operação Rota do Atlântico – e que é próximo do juiz Rui Rangel. 

Segundo foi já noticiado Santos Martins é suspeito de ser um testa de ferro do desembargador, uma vez que as suas contas, tal como as do seu filho, poderão ter sido utilizadas para acumular dinheiro do magistrado.

A investigação terá mesmo descoberto milhares de euros provenientes de José Veiga depositados na conta do filho do advogado e que para a investigação teriam como destino o juiz desembargador.

Foi a partir das diligências levadas a cabo no escritório que a equipa que investiga a Operação Rota do Atlântico decidiu extrair uma certidão e enviar a mesma para o Ministério Público, junto do Supremo Tribunal de Justiça, isto porque só nesta instância se pode decidir a abertura de um inquérito que vise um juiz desembargador, bem como investigá-lo.

Até a essas buscas o que a investigação tinha apenas era dados que provavam transferências de José Veiga para um jovem, não havendo qualquer motivo aparente para tais movimentações. As buscas terão permitido os investigadores suspeitarem que era ao magistrado que se destinariam as quantias.

Em outubro de 2016, a Procuradoria Geral da República (PGR) confirmou oficialmente que o inquérito foi aberto. A investigação, explicou ainda a PGR, “teve origem numa certidão do processo Rota do Atlântico” e encontra-se em segredo de justiça. 

Segundo foi noticiado na altura foram mesmo descobertos vários emails do juiz da Relação de Lisboa a pedir milhares de euros, dinheiro que a investigação acredita ter saído daquelas contas.

A “Visão” noticiou mesmo em 2016 que existem registos fotográficos de encontros entre José Veiga e o juiz Rui Rangel e que no âmbito da Operação Rota do Atlântico já tinha ficado claro que o empresário tinha ajudado o juiz a enfrentar dificuldades económicas por que tinha passado.

Na altura, Rangel garantiu que esta afirmação não fazia qualquer sentido.

Benfica confirma buscas no Estádio da Luz

O Benfica confirmou esta terça-feira as buscas da Polícia Judiciária na SAD dos ‘encarnados”.

Na nota emitida hoje, citada pelo site do Record, o Benfica garante que a investigação nada tem a ver com o clube.

"O Sport Lisboa e Benfica confirma a realização de buscas no âmbito de uma investigação que não tem por objeto o Clube e que se encontra em segredo de justiça. Nada tendo a ver o âmbito do processo com o Sport Lisboa e Benfica, são totalmente especulativas todas as interpretações que envolvam o nome desta instituição”, revela o documento.

Recorde-se que mais de 100 inspetores estão a realizar buscas nas casas do juiz Rui Rangel e do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.

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