PS. “Eh pá, é chato, mas quando  se exerce um cargo público…”

PS. “Eh pá, é chato, mas quando se exerce um cargo público…”


Paulo Trigo Pereira foi duro na resposta a Isabel Moreira. PS dividido sobre incompatibilidades


Isabel Moreira vai votar contra os novos projetos de incompatibilidades de deputados apresentados pelo PS na comissão da transparência. No segundo dia da reunião dos deputados socialistas em Coimbra, a deputada mostrou a sua divergência, acusando: “Qualquer pessoa que olhe para o diploma com olhos de ver o que vê ali é um diploma que é feito como se fosse feito à medida dos académicos contra o resto dos deputados.”

Paulo Trigo Pereira, deputado independente eleito pelo PS e defensor do pacote apresentado pelo grupo parlamentar, respondeu: “A Isabel diz: ‘Nós somos dos mais escrutinados.’ Pois somos! E tem de ser! Tu sabes o que aconteceu a António Domingues e sua equipa! Foram todos, passe a expressão, pela borda fora! Foram borda fora porque não apresentaram a declaração de rendimentos.”

E continuou o deputado: “Eh pá, é chato, mas quando se exerce um cargo político, um cargo público, de direção ou de administração de uma empresa pública, nós temos responsabilidades acrescidas. E temos porque somos pagos pelo dinheiro dos contribuintes e porque tomamos decisões que afetam a vida de todos os contribuintes.”

Outro dos opositores ao projeto-lei de incompatibilidades é o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto. Além de questionar a perda de privacidade dos deputados, Sousa Pinto também considerou que as únicas atividades que não são beliscadas pelo novo regime são os académicos e os funcionários públicos.

“Eu diria que isto é uma espécie de guerra civil dos funcionários públicos, que são os que têm menos a perder com este regime, embora também tenham”, disse Sérgio Sousa Pinto, lembrando que “toda a gente sabe histórias de pessoas que estão na administração pública, vêm servir o país para o parlamento e regressam para desempenhar uma função onde são subordinados daqueles a quem fizeram entrevistas de emprego. Uma pessoa serve a causa pública para ser prejudicada.”

Carlos César, o presidente do PS e líder parlamentar, respondeu aos críticos afirmando que estavam “enganados”. No discurso final, afirmou: “Não se pretende uma resposta na linha dos populismos. Mas enganam-se os que, pura e simplesmente, acham que as contribuições e os esforços por mais transparência são excessivos, inúteis ou autofágicos. A política e os políticos, como outros altos cargos, quando acobertados nas suas motivações e processos de atuação, só geram desconfiança, e nunca boas expetativas.”

E é por isto que Carlos César considera “importante melhorar o quadro legal e acolher as melhores práticas de parlamentos de países vizinhos e instituições europeias”.

César disse ainda que “é na casa da democracia que, primeiro e mais do que tudo, se deve cuidar da sua simetria com os cidadãos e com boas práticas”.