E agora Guiné?


Ao fim de 15 meses de discórdia e tumultos políticos num país que precisa de quase tudo menos instabilidade, José Mário Vaz aceitou o pedido de demissão do primeiro-ministro Sissoco Embaló.


E agora? Agora, um governo democraticamente eleito afastado, mais um primeiro-ministro indigitado em torno de muita contestação 15 meses depois, a Guiné volta a ficar novamente à deriva.

Já escrevi várias vezes sobre a Guiné e sempre para elogiar a terra, as gentes e a sua beleza. É uma pena que todo o manancial de oportunidades que encerra em si seja posto em causa por uma classe política que em nada honra as suas gentes.

Sei do que falo e porque falo. Porque conheço bem as suas gentes. Conheço a candura, a dedicação e a bravesa de um guineense. E conheço todos os outros países da CPLP e por isso, mais uma razão, para afirmar que os guineenses merecem melhor.

A constante instabilidade e as sucessivas crises que a Guiné viveu ao longo dos últimos 20 anos destruiu muitos sonhos, impossibilitou muitos outros e manteve um país cheio de oportunidades parado no tempo. 

Teve uma vantagem e apenas uma. Permitiu que ao longo destes 20 anos um punhado significativo de jovens saísse do país e fosse formar-se fora. Saíram, viram mundo e assimilaram novas posturas. Foram bastantes e tenho o privilégio de conhecer alguns. Uns porque foram meus alunos, outros conheci já no desempenho das respetivas atividades profissionais. Garanto-vos – é gente séria, trabalhadora e de grande nível.

Voltaram para a pátria mãe imbuídos num espírito patriótico de ajudar o país que lhes deu uma nacionalidade. Determinados em ajudar um povo cansado de tanta instabilidade e de líderes ausentes.

Aos poucos, ao longo dos últimos anos, muitos foram os que desistiram. Derrotados, cansados e desiludidos com as promessas vazias de governantes egoístas e indiferentes às cores da bandeira e à constituição que juraram defender e respeitar.

Não era para escrever sobre este tema, mas não o fazer era render-me à indiferença e à mediocridade.

Não pretendo criticar ninguém com estas linhas, nem sacar culpas a governantes e dirigentes. Não. Antes pelo contrário. Estas linhas são para aqueles que conheço e que, por um motivo ou outro, se afastaram dos princípios pelos quais decidiram ajudar o seu país. Para os que baixaram os braços, cansados e derrotados pela intransigência de mudança de um sistema que não está desenhado para ceder, mas apenas para quebrar.

Este é o momento! Este é o momento em que têm de se levantar e disponibilizarem-se para ajudar. Este é o momento em que a Guiné precisa de todos vós. Todos aqueles que acreditam na democracia, na justiça e no Estado de Direito. Este é o vosso momento de cerrar punhos e pôr mãos à obra. E vocês sabem quem são!

São os que já vi fazer obra, os que já vi escrever textos e já vi pronunciarem de forma única e orgulhosa um – Eu sou guineense.

A porta está aberta ao diálogo! São estas as palavras do Presidente Mário Vaz no decreto presidêncial. E agora? Agora é entrar! É aceitar o diálogo e voltar a a colocar a Guiné no rumo certo.

Agora é dizer “presente”! Estou aqui para ajudar! E dialogar! Porque se há coisa que reconheço nas características de um guineense é a sua abertura para o diálogo e para a negociação.

E Agora? Agora “tudu pekaduris ta padidu libri i igual na balur suma na diritus. Suma e dadu kapasidadi di pensa, e tene tambi konsiensia, e dibi di trata nutru suma ermons.”

 

Escreve à quinta-feira