O campeonato português lá fora


Se fossem todos como Gaitán – que depois de ser esperado com ansiedade em Madrid, no Atlético, se mostrou um enorme flop e já desapareceu –, ninguém viria abastecer-se no campeonato português


Todos sabemos a gigantesca quantidade de jogadores de futebol que o Brasil produz e que alimenta clubes em todo o planeta – da Europa à Rússia e à China. Em Portugal não haverá uma única equipa onde não jogue um brasileiro (e refiro-me, note-se, a todas as divisões). Uma loucura!

Mas nem só de brasileiros se abastece o campeonato português. Aqui têm vindo a jogar espanhóis, colombianos, argentinos, mexicanos, sérvios, moldavos, búlgaros, russos, africanos do norte, do centro e do sul, coreanos, japoneses, eu sei lá!

É curioso acompanhar o percurso desses futebolistas. Uns acabam a carreira em Portugal – mas outros seguem para outros campeonatos mais mediáticos. E mais ricos.

Cristiano Ronaldo é o caso mais extraordinário e espetacular de um jogador que jogou no campeonato português e atingiu o topo do mundo. Mas há centenas deles a atuar nos principais campeonatos – uns com grande sucesso, outros com menos.

Só no Manchester City, o líder do campeonato inglês, jogam cinco jogadores que passaram por aqui: Ederson, Danilo, Otamendi, Mangala e Bernardo Silva! Meia equipa. No Real Madrid jogam Ronaldo e Casemiro. No Barcelona, Nélson Semedo e André Gomes. No Bayern de Munique, James Rodríguez. No PSG, Di María. No Valência, Rodrigo e Gonçalo Guedes. No Mónaco, João Moutinho. No Atlético de Madrid, Oblak e Gaitán. No Manchester United, Matic. No Chelsea, David Luiz. No Leicester, Islam Slimani. No Watford, André Carrillo e Martin Zeegelaar…

Confesso que fico satisfeito quando jogadores que passaram por Portugal têm sucesso lá fora. Independentemente dos clubes que cá representaram. Tive pena que Hulk não tivesse atingido um patamar mais elevado, pois era senhor de um potencial fantástico. E o mesmo aconteceu um pouco com Ricardo Quaresma.

Em relação a muitos deles, percebi rapidamente que não acabariam aqui a carreira, dada a sua classe: casos de Di María, David Luiz, Oblak, Ederson ou Matic. Inversamente, nunca pensei que André Gomes ou Gonçalo Guedes atingissem o patamar a que chegaram. Portanto, houve deceções, houve surpresas positivas e houve confirmações.

De qualquer forma, muitos jogadores saídos do campeonato português atingiram um ótimo nível. E isso é fundamental – é mesmo decisivo – para os clubes portugueses, pois a sua viabilidade financeira continua a residir em comprar jogadores baratos, valorizá-los e vendê-los caro.

Mas este negócio só poderá funcionar se os jogadores que de cá saírem tiverem sucesso. Se fossem todos como Gaitán – que depois de ser esperado com ansiedade em Madrid, no Atlético, se mostrou um enorme flop e já desapareceu –, ninguém viria abastecer-se no campeonato português.