Líder do Boko Haram recusa derrota da organização

Líder do Boko Haram recusa derrota da organização


No seu discurso de ano novo, o presidente nigeriano tinha anunciado a derrota do grupo terrorista


"Parece-me que as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas". Esta frase icónica do escritor norte-americano Mark Twain poderia caraterizar o mais recente vídeo do líder do Boko Haram, Abubakar Shekau. Neste, o líder da organização terrorista orgulha-se de ter ordenado ataques no nordeste da Nigéria durante o período natalícia e recusa o desaparecimento do grupo terrorista. 

O vídeo ganhou destaque por dias antes o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, ter anunciado a derrota da organização às mãos das forças armadas nigerianas. 

"Estamos bem de saúde e nada nos aconteceu", garantiu Shekau no vídeo."Desencadeámos ataques em Maiduguri, em Gamboru, em Damboa. Fizémos todos estes ataques", disse. No dia de Natal três pessoas foram queimadas vivas em Molai, uma aldeia perto de Maiduguru, o local de nascimento do Boko Haram, e este sábado 2 madeireiros foram mortos pela organização a 120 quilómetros da capital, Abuja. 

Quanto ao ataque em Gamboru é ainda incerto a qual ação militar Shekau se referiu, mas poderá ter sido a um ataque a um comboio humanitário em que quatro pessoas foram mortas. 

Na mensagem de ano novo, o presidente nigeriano disse ter derrotado a organização. "Já derrotámos o Boko Haram", assegurou. "Ainda ocorrem ataques isolados, mas mesmo os países mais bem preparados não conseguem impedir criminosos determinados a cometer terríveis atos de terror", explicou. O chefe de Estado já tinha garantido em 2015 que o Boko Haram tinha sido derrotado e que o governo tinha "tecnicamente ganho a guerra". 

O governo nigeriano anunciou em meados de dezembro que iria disponibilizar cerca de mil milhões de dólares (831 milhões de euros) às forças armadas para a aquisição de equipamento militar e treino das tropas em técnicas de contra-insurgência. Mais tarde, garantiu publicamente que nem todas as verbas iriam ser destacadas para o combate ao Boko Haram. 

Mais de 30 mil pessoas já morreram no conflito que opõe o Boko Haram ao governo nigeriano desde maio de 2011, segundo o Conselho de Relações Externas.