1) Os partidos todos entenderam-se à socapa para rever a lei do respetivo financiamento. Na proposta há do bom e do mau. Mas a verdade é que todos meteram a colher para resolver os seus problemas próprios. Faz sentido que os partidos sejam financiados pelo Estado e por militantes e simpatizantes. Antes isso do que por uma fundação controlada por chineses, por Putin ou por Trump. O secretismo com que tudo foi tratado na Assembleia é deplorável. Tão deplorável como a denúncia do CDS feita em jeito de falsa virgindade, depois de ter estado representado na comissão. Era interessante que o CDS assinasse um termo de responsabilidade a garantir que jamais utilizará as habilidades eventualmente abertas pela proposta, nomeadamente a escandalosa recuperação total de todo gasto com IVA. Além disso é bom não esquecer que as maiores suspeições sobre financiamento em tempo democrático atingiram precisamente o CDS com os casos dos submarinos e Portucale. Marcelo deverá vetar a lei, mas não de uma forma pesada, pois ele próprio terá noção que algumas das correções são indispensáveis à sobrevivência dos partidos, apesar de tudo os sustentáculos da democracia que vamos tendo.
2) A discussão à volta da entrada ou não de capital da Santa Casa no Montepio tem sido manchete ultimamente. O tema era público há muito, mas tratado com alguma serenidade. Uma reserva que fazia sentido. Agora está a toda a hora nos jornais, rádios e televisões. A questão por si só já seria suficientemente grave. Mas a verdade é que tudo piora cada vez que se dá uma notícia sobre o assunto, porque cria desconfiança que é, como se sabe, o pior que pode acontecer em relação a uma instituição bancária. Para já nada se resolveu, a não ser tirar valor ao Montepio. Se fosse de propósito não se atuaria de outra forma.
3) Segundo o Expresso, familiares diretos de Miguel Frasquilho receberam do saco azul do BES mais de 54 mil euros, sem que jamais tivessem tido qualquer ligação profissional ao grupo. Já isso não era o caso do atual chairman da TAP que foi deputado e funcionário do grupo Espirito Santo, tendo depois presidido ao AICEP. Atabalhoadamente, Frasquilho, que também passou como secretário de Estado no ministério das finanças, explicou que os pagamentos a familiares tinham a ver com dinheiro que ele lhes devia e, por isso, pediu à ES Enterprise para lhes pagar diretamente por conta das suas remunerações. Ora aí está uma justificação pífia. Todavia, ninguém na justiça ou na política questionou a situação. Já agora convém recordar que a TAP tem como acionista principal o Estado e que esta questão dá uma imagem péssima do país.
4) Imagem péssima do país resulta também do que se passa no futebol, ao nível das apostas com nova denúncia de eventuais resultados comprados. Para que isto tenha acontecido há uma causa direta: a circunstância dos jogos de clubes pequenos terem passado a ser alvo de apostas. Desde então, certos emblemas passaram a ser controlados por acionistas chineses que, mais do que ao futebol, ligam ao jogo e ao dinheiro que nele se pode ganhar, às vezes com uma ajudinha. Isto quanto aos escalões menores. Quanto às acusações sobre a primeira liga, a tentativa de misturar as coisas tem a ver com o clima de guerra estabelecido entre o Porto e o Sporting contra o Benfica. Vamos ainda querer acreditar que ainda há alguma verdade desportiva no futebol.
5) Vieira da Silva despachou um subsidio para uma IPSS da sogra, mãe da deputada Fertuzinhos, que, por sinal, viajou até à Suécia com um bilhete adiantado pela Raríssimas que terá sido reembolsado pela entidade sueca convidante. Curiosamente o ministro foi vice-presidente da Assembleia Geral da Raríssimas que recebeu subsídios da Segurança Social. Honni soit qui mal y pense. Deve ser tudo normal e é de apostar que dentro de uns dias ninguém se lembra do caso nem na política, nem na justiça, nem na segurança social.
6) A estatísticas indicam que o numero de mortes na estrada subiu. Parece que esse aumento envolve condutores de motos, o que é normal devido à multiplicação exponencial das máquinas de duas rodas. Entretanto, nasceu uma espécie de movimento para que a condução com carta de carros deixasse de permitir a de motos até 125 de cilindrada. Alega-se que se trata de uma medida de segurança. Mais parece é lóbi de quem quer ter mais um negócio de cartas de condução. Melhor seria que se parasse de vez com a ideia de reduzir para 14 anos a idade de se poder conduzir veículos abaixo dos 50 de cilindrada.
Jornalista